A coordenação da Pascom arquidiocesana de Londrina participou, entre os dias 18 e 21 de julho, da 11ª edição do Muticom – Mutirão Brasileiro de Comunicação, em Goiânia (GO). O encontro, que ocorre a cada dois anos, teve como tema Comunicação, Democracia e Responsabilidade Social.

 

Durante quatro dias, o Centro de Pastoral Dom Fernando, da Arquidiocese de Goiânia, se transformou na Cidade da Comunhão para receber os 600 participantes provenientes de 22 estados.

 

Dom Mário Spaki, Pe. Dirceu Júnior dos Reis, Aline Parodi, Juliana Mastelini Moyses, Patrícia Caldana e Tiago Queiroz. (Foto divulgação)

A programação contou com conferências, workshops e trilhas que reuniu jornalistas e pesquisadores gabaritados da comunicação brasileira. A palestra de abertura foi sobre a Midiatização e Responsabilidade na Igreja e no mundo, ministrada pelo jornalista Moisés Sbardelotto, doutor e professor colaborador do Programa de Pós-graduação de Ciências da Comunicação da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos).

 

 Ele também falou na Trilha de Comunicação sobre “Relações midiáticas no interior da Igreja”, onde abordou os desafios da Pastoral da Comunicação. Sbardelotto disse que o primeiro passo para o bom andamento da pastoral é conhecer a realidade da comunidade, da sua paróquia e como elas se comunicam, quais os veículos mais utilizados, as linguagens que mais funcionam. “É importante conhecer esse interlocutor, assim você poderá ser mais fiel com o próprio Evangelho, sem perder a essência da comunicação cristã”, afirmou o professor.

 

Com a clareza desta realidade será possível definir se o caminho da comunicação será por uma rede social, um jornal, via rádio ou até mesmo um jornal-mural. “Nenhum meio de comunicação é melhor ou pior do que outro. Vai depender do público que você quer conversar e engajar. Todas as plataformas, digitais ou não, são importantes para a Igreja”, reforçou Sbardelotto.

 

OS LIKES

O professor falou também sobre os perigos de se ficar refém dos números de curtidas e compartilhamentos. “A comunicação da igreja corre o risco de comunicar para ser visto, para ter audiência, e isso é um desvio do foco”, comentou. Ele usou a frase do Papa Francisco sobre o encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida para fazer uma analogia sobre a questão, para mostrar que não importar ter 1.000 curtidas ou 10, o importante é chegar ao coração das pessoas com esses postes.

 

“As redes não se encheram de peixes, se transformaram em comunidade” (Papa Francisco). Gosto de usar como metáfora da comunicação. Às vezes o nosso jornal não é lido por todo mundo, o canal de TV tem alcance pequeno, as mídias sociais não têm todo aquele engajamento, mas o importante é se os meios estão conseguindo construir comunidade, uma boa relação com os nossos paroquianos, com os membros da diocese, entre o clero e as pastorais. A missão da Pascom é construir comunidade, relação para além dos números”, afirmou o professor.

 

 

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PROFISSIONALIZAÇÃO

A necessidade de profissionais qualificados para atuação nas dioceses e paróquias foi um dos pontos defendidos pelo professor, mas com a integração de pessoas da comunidade na Pastoral da Comunicação.

 

“Do ponto de vista institucional da Igreja é importante ter profissionais da comunicação, bem pagos, remunerados, que façam seu trabalho com  profissionalismo, porque a Igreja lida com uma sociedade diversa e é um diálogo complexo e que precisa de pessoas formadas para isso, que dediquem seu trabalho para uma boa comunicação da Igreja, representando o bispo, o padre. É preciso ter uma postura e uma ética que vem junto com a profissão”, ressaltou.

 

A Pascom, por outro lado, segundo ele, tem o pé no chão da vida da comunidade. É também importante que pessoas que não são profissionais da comunicação possam atuar na pastoral, justamente porque como pastoral ela precisa ser um ambiente acolhedor.

 

“Mesmo na Pascom é importante os profissionais para ajudar na formação que é um dos pilares da pastoral, para produzir bons materiais. Quem trabalha com comunicação vai ter mais conhecimento das linguagens, estilos e formas de comunicar. A Pascom é um importante laboratório, onde todos tem seu espaço e aprendem juntos”, disse Sbardelotto.

 

EXPERIÊNCIA DE COMUNHÃO

O anfitrião do encontro dom Washington Cruz, arcebispo de Goiânia, destacou em sua fala, na solenidade de abertura, o papel do Muticom para a Igreja e para a sociedade. “Um mutirão, como a própria palavra diz. Trata-se de uma experiência de fazer junto, em unidade, em prol de uma causa e nossa causa aqui é construir pontes através da comunicação e o Muticom é uma experiência de Deus e de comunhão entre as pessoas por isso é importante”, afirmou.

 

E disse que a missão da Igreja é universal e a comunicação é imprescindível no processo de ação evangelizadora. “Jesus deve ser anunciado e todas as pessoas devem, pelo menos, ouvir falar dele. Nós podemos propor e oferecer a mensagem do Evangelho em todo o mundo porque é uma mensagem de paz, de misericórdia, que transforma os corações e dar à sociedade um novo rosto e uma nova vida”.

 

Ele enfatizou ainda que a Igreja nasce de uma comunicação que vem de Deus para a humanidade e impulsiona a missão universal. Por isso, a Igreja deve estar atenta a uma comunicação plural.

 

Dom Joaquim Giovani Mol, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB. (Foto divulgação)

O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, dom Joaquim Giovani Mol, fez um balanço positivo do mutirão. “Fomos felizes na escolha das pessoas para orientar com suas experiencias, partilhas e teorias da comunicação. Tivemos coisas preciosas e desconcertante”, afirmou dom Joaquim.

 

E completou “reunimos jornalistas, relações públicas, publicitários, bispos, padres, religiosos, agentes da Pascom e fizemos uma experiencia comunicacional”, disse.  Ele espera que “o Muticom e seu espírito chegue a Londrina e a todas as dioceses do país”.

 

Para o bispo não é possível fazer evangelização sem comunicação. “A comunicação e a riqueza do mundo da comunicação são indispensáveis à evangelização. É fundamental que a evangelização se abra à comunicação, por isso os comunicadores têm um papel muito importante para Igreja.”

 

Dom Joaquim deixou um recado de incentivo para todos os comunicadores que enfrentam dificuldades em atuar em suas paróquias e dioceses, em função da resistência do clero. “Tem muita gente do clero que não tem abertura e entendimento das grandes exigências que temos hoje no campo da evangelização da sociedade contemporânea, então fica uma pessoa que entende pouco de comunicação, segurando a atuação de quem entende muito e gostaria de evangelizar”, falou o bispo.

 

Ele lembra que o Papa Francisco e o documento de Aparecida dizem que precisa haver uma conversão pastoral, inclusive para entender que nenhum segmento isolado da Igreja é Igreja. Que leigo sem ministro ordenado não é Igreja, ministro ordenado sem leigo não é Igreja.

 

 “A Igreja é a comunidade dos discípulos de Jesus e no meio dos discípulos cada um exercendo seu ministério, por tanto ninguém manda na comunidade. Ela não é propriedade de nenhuma pessoa. A comunidade de fé é dos seguidores de Jesus. Por isso digo para vocês da Pastoral da Comunicação, insistam, nem tanto para convencer algum membro da hierarquia da Igreja que não entende isso, mas insistam em continuar fazendo da comunicação um excelente instrumento de evangelização”, concluiu.

 

O Muticom 2019 encerrou com uma celebração de Ação de Graças no Santuário-Basílica Pai Eterno, em Trindade, cidade próxima de Goiânia.

Aline Machado Parodi
PASCOM Arquidiocesana

 


Vídeo de encerramento:

 

 


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Fotos: Divulgação