O Papa Francisco modificou um cânon o Código de Direito Canônico e agora está institucionalizado o acesso das mulheres aos ministérios do leitorado e acolitado. Na carta apostólica em forma de Motu Proprio Spiritus Domini, divulgada nesta segunda-feira, 11, Francisco estabeleceu que esses ministérios sejam de agora em diante também abertos às mulheres, de forma estável e institucionalizada, com um mandato especial.

 

Foi alterado o cânon 230 parágrafo primeiro do CDC, que agora passa a ter a seguinte redação:

“Os leigos que tenham a idade e os dons determinados por decreto da Conferência Episcopal poderão ser assumidos estavelmente, mediante o rito litúrgico estabelecido, nos ministérios de leitores e acólitos; no entanto, tal atribuição não lhes confere o direito de apoio ou de remuneração da Igreja”.

 

A realidade da Igreja no Brasil e de outras partes do mundo já tem a presença das mulheres como leitoras da Palavra de Deus durante as celebrações litúrgicas, no serviço do altar, como ministrantes ou como dispensadoras da Eucaristia. Com a alteração, fica institucionalizada a abertura para homens e mulheres desempenharem tais funções, antes reservadas para seminaristas durante a preparação para o ministério ordenado. Eram as chamadas “ordens menores”.

Dons e ministérios

Francisco parte da ideia de que o “Espírito do Senhor Jesus, fonte perene da vida e missão da Igreja, distribui aos membros do Povo de Deus os dons que permitem a cada um, de forma diferente, contribuir para a edificação da Igreja e o anúncio do Evangelho”.

 

Tal contribuição ministerial, continua o Papa, pode ter origem em um sacramento específico, as ordens sagradas, ou podem estar relacionadas a tarefas que, ao longo da história, foram instituídas na Igreja e confiadas aos fiéis por meio de um rito litúrgico não sacramental, “em virtude de uma forma peculiar de exercício do sacerdócio batismal, e em auxílio do ministério específico de bispos, padres e diáconos”.

Contribuição sinodal

Na carta apostólica, o Papa recorda que algumas assembleias do Sínodo dos Bispos sublinharam a necessidade de se aprofundar doutrinalmente sobre o tema dos ministérios, “para que responda à natureza destes carismas e às necessidades dos tempos, e ofereça apoio oportuno ao papel de evangelização que diz respeito à comunidade eclesial”.

 

Em seguida, o Papa afirma ter aceitado as recomendações dos Sínodos, como o da Amazônia, e que foi alcançado um desenvolvimento doutrinário nos últimos anos que destacou como certos ministérios instituídos pela Igreja se baseiam na condição comum de serem batizados e do sacerdócio real recebido no sacramento do Batismo, o que é diferente do ministério ordenado recebido no sacramento da Ordem.

 

“Não só para a Igreja amazônica, mas para toda a Igreja, nas diversas situações, ‘é urgente promover e conferir ministérios a homens e mulheres … É a Igreja dos batizados que devemos consolidar promovendo a ministerialidade e, acima de tudo, a consciência da dignidade batismal ”, diz o Documento final do Sínodo para a Amazônia.

 

Instituição de ministros leigos indígenas na prelazia de Itaituba (PA) | Foto: dom Wilmar Santim

 

Nesse sentido, Francisco salientou que a prática já consolidada na Igreja latina confirmou que os ministérios leigos, baseando-se no sacramento do Batismo, “podem ser confiados a todos os fiéis idóneos, sejam homens ou mulheres, segundo o que já está implicitamente previsto. no cânon 230 § 2”.

 

Discernimento e preparação

Em carta ao prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Luís Ladaria, Francisco indica que o ministério deve ser conferido aos leigos “através do discernimento dos pastores e após adequada preparação” e que caberá às Conferências Episcopais estabelecer critérios adequados para o discernimento e preparação dos candidatos aos ministérios do Leitorado ou do Acólito, ou outros ministérios que considerem instituir.

 

Ministros leigos na arquidiocese de Manaus | Foto: Arquidiocese de Manaus

 

Participação eficaz

Ainda na carta ao cardeal Ladaria, Francisco afirma que a decisão de conferir estes cargos também às mulheres, que implicam estabilidade, reconhecimento público e mandato do bispo, “torna mais eficaz a participação de todos na obra de evangelização na Igreja”.

Uma distinção mais clara entre as atribuições do que hoje é chamado de ‘ministérios não ordenados (ou leigos)’ e ‘ministérios ordenados’ permite dissolver a reserva dos primeiros apenas para os homens. Se, no que diz respeito aos ministérios ordenados, a Igreja ‘não tem poder algum para conferir a ordenação sacerdotal às mulheres’ (cf. São João Paulo II, Carta Apostólica  Ordinatio Priestotalis, 22 de maio de 1994), para os ministérios não ordenados é possível, e hoje parece apropriado, superar essa reserva“, escreveu o Papa.

 

Desta forma, continuou, “além de responder ao que se pede à missão na atualidade e aceitar o testemunho de tantas mulheres que se comprometeram e continuam a se empenhar no serviço à Palavra e ao Altar, ficará mais evidente – também para que estão se movendo para o ministério ordenado – que os ministérios do Leitorado e do Acolitado estão enraizados no sacramento do Batismo e da Confirmação”. Com efeito, aqueles que estão a caminho da ordenação diaconal e sacerdotal, instituídos com leitores e acólitos “compreenderão melhor que participam num ministério partilhado com outros homens e mulheres batizados”.

“Assim, o sacerdócio próprio de cada fiel (communis sacerdotio) e o sacerdócio dos ministros ordenados (sacerdotium ministeriale seu hierarchicum) se manifestarão ainda mais claramente ordenados entre si (cf. LG , n. 10), para a edificação da Igreja e para o testemunho do Evangelho”.

CNBB

Foto destaque: Arquidiocese de Manaus

Na última segunda-feira, 21 de maio, na presença dos familiares, seminaristas da etapa da Teologia (configuração a Cristo) da Arquidiocese de Londrina receberam os ministérios do leitorato e acolitato, em missa no Seminário Paulo VI. A celebração foi presidida pelo arcebispo dom Geremias Steinmetz e concelebrada pelo reitor da Teologia, padre Paulo Rorato, e pelo diretor espiritual, padre Arcides de Bastiani. Esses ministérios fazem parte do processo formativo do candidato ao sacerdócio que, depois de alguns anos de formação, vai dando passos significativos ao futuro exercício do ministério sacerdotal.

 

Foram instituídos: Alex Aparecido Barboza (acólito), Genilson Felipe Gonçalves de Lima (leitor e acólito), Jefferson Bassetto (leitor e acólito), Juniar Aparecido Padilha (acólito), Paulo Ricardo Batista (acólito), Renato Aparecido Ferraz Pelisson (acólito) e Sidnei de Jesus Izzo Júnior (leitor e acólito). Os que foram instituídos somente como acólitos já possuem o ministério de leitor.

 

O leitor é instituído para a função que lhe é própria de ler a Palavra de Deus na assembleia litúrgica. Também deve encarregar-se da preparação de outros fiéis temporariamente designados a realizar a leitura da Sagrada Escritura nos atos litúrgicos.

 

O acólito é instituído para ajudar o diácono e prestar tseu service ao sacerdote. É apropriado que ele cuide do serviço do altar, para auxiliar o diácono e o sacerdote nas funções litúrgicas, principalmente na celebração da Missa; também distribuir, como ministro extraordinário, a Santa Comunhão.

Jefferson Bassetto
Seminarista da Teologia da Arquidiocese de Londrina

 

 

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Fotos José Gilson Esteves

Na última quinta-feira (07/12), durante a Santa Missa de encerramento do Retiro de Natal do Clero na Casa de Retiros Emaús, alguns seminaristas da Arquidiocese de Londrina foram instituídos nos ministérios de leitor, acólito e admitidos às ordens sacras. O Arcebispo Metropolitano Dom Geremias Steinmetz delegou a celebração eucarística e a instituição ao Pe. José Rafael Solano Durán (Pároco da Paróquia São Vicente de Paulo). Estiveram presentes Pe. Isaac Aguiar Luz (Reitor do Seminário Maior Teológico “Paulo VI) e diversos membros do clero.

A instituição de leitor e acólito, como também a admissão às ordens sacras são etapas importantes da vocação e da formação presbiteral, são passos gradativos ao futuro exercício do ministério presbiteral. Os ministérios do Leitorato e do Acolitato podem ser conferidos também aos leigos, entretanto devem necessariamente ser conferidos aos candidatos às Ordens sacras, que os exercerão por um tempo determinado. O ministério do Leitorado permite que o candidato, ao longo da Liturgia da Missa, proclame oficialmente pela Igreja as Sagradas Escrituras. Além disso, é deve do Leitor instituído ler a Palavra de Deus nas assembleias litúrgicas; instruir na Fé as crianças, jovens e adultos; anunciar o Evangelho da salvação; ler e meditar com assiduidade a Sagrada Escritura; e adquirir cada vez mais intenso amor e conhecimento da Palavra de Deus de modo a tornar-se discípulo mais perfeito do Senhor. O ministério do Acolitato é a permissão para auxiliar ao sacerdote e ao diácono no altar e na distribuição da Eucaristia. Uma vez tornado acólito, ele passa a ser ministro da eucaristia ordinário de modo mais permanente na arquidiocese.

O rito de admissão às Ordens Sacras destina-se a que o aspirante ao Diaconato ou ao Presbiterato manifeste publicamente a sua vontade de se doar a Deus e à Igreja, para exercer a Ordem Sagrada como padre. A Igreja, aceitando esta doação, escolhe-o e chama-o, a fim de se preparar para receber a Sagrada Ordem, passando assim a ser contado legitimamente entre os candidatos ao Diaconato e ao Presbiterato. A grande intenção da celebração foi ser um estímulo vocacional no clero arquidiocesano e promover mais intensamente uma cultura vocacional naqueles que são os primeiros promotores vocacionais dentro da vida da Igreja.

INSTITUÍDOS LEITORES:
Alex Aparecido Barboza (1º Ano – Teologia).

Juniar Aparecido Padilha (1º Ano – Teologia).
Paulo Ricardo Batista (1º Ano – Teologia).
Renato Aparecido Ferraz Pelisson (1º Ano – Teologia).

Seminaristas Alex, Renato, Juniar e Paulo.
Seminaristas Alex, Renato, Juniar e Paulo.


INSTITUÍDOS ACÓLITOS:
Caio Matheus Caldeira da Silva (3º Ano – Teologia).

Rodolfo Gabriel Trisltz (4º Ano – Teologia).
Welinton Ignacio (3º Ano – Teologia).

seminaristas acolitato
Seminaristas Rodolfo, Welinton e Caio.


ADMITIDO ÀS ORDENS SACRAS:
Humberto Lisboa Nonato Gema (4º Ano – Teologia).

Seminarista Humberto
Seminarista Humberto

Oração Vocacional (Beato Paulo VI)

Jesus, Mestre divino, que chamastes os Apóstolos a vos seguirem, continuai a passar pelos nossos caminhos pelas nossas famílias, pelas nossas escolas, e continuai a repetir o convite a muitos de nossos jovens. Daí coragem às pessoas convidadas para que vos sejam fiéis como apóstolos leigos, como sacerdotes, como religiosos e religiosas para o bem do Povo de Deus e de toda a humanidade. Amém!

Beato Paulo VI: rogai por nós e pelas vocação sacerdotais!

Seminarista Caio Matheus Caldeira da Silva
PASCOM Arquidiocesana

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Foto: Tiago Queiroz/PASCOM Arquidiocesana