Jefferson Bassetto, Ricardo Vicente Campanuci e Sidnei de Jesus Izzo Junior receberam o primeiro grau do sacramento da Ordem em Santa Missa na Catedral

Marcando a abertura do 3º Ano Vocacionaldo Brasil na Arquidiocese de Londrina, Vocação: Graça e Missão, três dos nossos seminaristas, Jefferson Bassetto, Ricardo Vicente Campanuci e Sidnei de Jesus Izzo Junior, foram ordenados diáconos transitórios, pela imposição das mãos e prece de ordenação do arcebispo dom Geremias Steinmetz, em Santa Missa no dia 19 de novembro na Catedral de Londrina.A celebração contou com a presença de padres, diáconos, seminaristas, familiares e fiéis de várias comunidades da arquidiocese.

O diaconato é o primeiro grau do sacramento da Ordem. Os outros dois são o presbiterato (padre) e o episcopado (bispo). Com a ordenação, o diácono deixa sua condição de leigo e passa a fazer parte do clero. Trata-se do primeiro grau do sacramento da Ordem vivido de forma transitória, daqui a alguns meses eles serão ordenados padres. Fortalecidos com a graça sacramental, servem o povo de Deus, em união com o bispo e o seu presbitério, na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade.

Com a ordenação diaconal, os futuros sacerdotes já assumem alguns compromissos importantes, como o propósito de guardar o mistério da fé, com consciência pura, e proclamá-la por palavras e atos; guardar para sempre o celibato por amor do Reino dos céus; e obediência ao bispo e seus sucessores.

Em sua homilia, dom Geremias agradeceu aos três ordenandos pela disponibilidade, coragem e pela luta que enfrentaram, especialmente na formação, para poderem chegar à ordenação diaconal. “A gente vê como ainda temos jovens, e muitos jovens, que querem se dispor para o trabalho da Igreja, para que o Evangelho possa ser levado cada dia mais.”

Tema de ordenação

Na Liturgia da Palavra, o Evangelho de Lucas destacou o tema da ordenação diaconal, a parábola do Bom Samaritano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,25-37). “Clamamos a graça de reconhecermos o vestígio do Deus transcendente nas pessoas que vierem ao nosso encontro. Mais do que o cumprimento de certos formalismos rituais, sermos instrumentos do Coração de Jesus”, destacou o diácono Jefferson em seu discurso de agradecimento em nome dos três ordenados.

Na homilia, dom Geremias explicou a parábola. “Ordenando: ‘vai e faze o mesmo’, Jesus não reitera uma lei impossível, como vimos na primeira leitura, mas uma lei possível, porque o pobre, o necessitado, o machucado, aquele que está jogado à beira da estrada, é algo muito real, é algo próximo de nós, palpável, sensível.”

“Quem é o meu próximo?”, questiona então o mestre da Lei da parábola. Dom Geremias inverte a pergunta: “Para entendermos bem o pensamento e a reação de Jesus é necessário mudar o tom da pergunta e os termos da pergunta: ‘de quem eu devo ser o próximo?’”, destaca.

“Não simplesmente perguntar quem é o meu próximo, mas de quem eu, batizado, eu ordenado, eu crismado, eu que recebo a eucaristia, de quem eu devo ser próximo”, destaca o arcebispo. Deus faz o contrário do sacerdote e do levita, que deixaram o homem jogado na beira da estrada e foram cuidar de suas responsabilidades: “candidata-se a ser nosso próximo, quer permanecer perto de nós em nosso mal, em nossas dificuldades”.

Exemplo a ser seguido por todos os batizados, dom Geremias destaca que ser próximo é uma decisão de um coração bom, pois só um coração bom é capaz de fazer-se próximo de quem sofre, de quem precisa, de quem está machucado. “O olho mal vê e desvia, o olho bom vê e se aproxima, e tem compaixão.”

O processo de formação como um mosaico

Em seu discurso de agradecimento, o neodiácono Jefferson Bassetto, em nome dos três ordenados, tomou como pano de fundo um tipo de arte muito antiga: o mosaico. “O mosaico é uma arte decorativa milenar, que reúne pequenas peças de diversas cores para formar uma grande figura.” São pequenas peças coladas lado a lado que envolvem organização, combinação de cores, materiais, figuras geométricas, criatividade e paciência.

O diácono comparou o mosaico com as suas próprias histórias vocacionais. “Cada um de vocês que rezaram por nós, nos animaram, nos formaram, ajudaram a construir esse mosaico que é nossa histórica vocacional. Assim fomos aprendendo com cada um de vocês a nos organizar, combinar as melhores técnicas pastorais, respeitar as diferenças, e acima de tudo nos inspiraram a seguir a Jesus por meio de cada um de vocês”, falou.

Na antiguidade, os mosaicos exploravam cenas cotidianas, sagradas, de guerra, históricas, mitológicas e paisagens. E certamente os grandes mosaicos não eram produzidos de forma solitária, mas sempre por um grupo de pessoas, destaca ele.

“Assim, nesta noite tão especial para mim, para o diácono Ricardo e para o diácono Junior, é momento de render graças a Deus por tanta diversidade em nossos mosaicos”, falou agradecendo às diversas pessoas que participaram dos seus processos formativos. “Só podemos agradecer a Deus pelo dom da vida de cada um e rogar ao Pai Criador que possamos deixar-nos ser plenamente configurados a Cristo iniciando nossos serviços como diáconos e dando continuidade à formação desse mosaico de nossa vida, para que sejamos sacerdotes santos para uma Igreja do século XXI”. E ainda conclui com um pedido: “Continuem rezando por nós.”

Acolhida ao clero

Padre Joel Ribeiro Medeiro, coordenador da Pastoral Presbiteral, acolheu os novos diáconos ao clero arquidiocesano. “Como na fala dos três, trouxe-nos à memória como é difícil a construção de um mosaico, eu gostaria que nesta noite pudéssemos recordar que para chegar a ser padre, também não é fácil. São vários anos, vários momentos e várias situações, e hoje nós queremos em nome do presbitério de Londrina acolhê-los.”

Convidando as pessoas a olharem para o vitral da fachada da Catedral que retrata o Sagrado Coração de Jesus, padre Joel falou da beleza do mosaico: várias cores unidas para mostrar a grandeza do Coração de Jesus. “Então veja, aquele vitral amanhã de manhã será muito mais belo do que agora que está escuro porque amanhã de manhã a luz do sol vai dar vida a este vitral. Vocês acabaram de prometer rezar a Liturgia das Horas, e na Liturgia das Horas, todos os dias pela manhã a gente recorda o sol, a luz. Por isso quero pedir a vocês três, bem vindos, mas deixem-se sempre iluminar pela luz, a cada manhã poderão contemplar a luz que vem do alto.”

Padre Joel fez ainda um pedido: “No clero que vocês acabam de chegar, somos também um mosaico, bem diferentes. Eu quero fazer um pedido aos três, ajudem-nos a viver a unidade do mosaico, não podemos ser uma peça fora, porque senão não tem a beleza, eu vos peço neste momento histórico, ajude-nos à unidade, ajude-nos à comunhão, porque assim como mosaico a nossa diversidade tem que estar unida em Cristo Jesus.”

3º Ano Vocacional do Brasil

“Corações ardentes pés a caminho” (cfLc 24,32-33) é o lema do 3º Ano Vocacional do Brasil, que vai da festa de Cristo Rei deste ano até a mesma data do ano que vem. O objetivo é incentivar a cultura vocacional nas comunidades, famílias e na sociedade, para que estes sejam locais favoráveis ao despertar de vocações. A referência é a passagem dos discípulos de Emaús, em que o coração arde ao escutar a Palavra do Ressuscitado e os pés se colocam a caminho para anunciar o encontro com Cristo.

“Temos hoje tantas pessoas, tantos jovens que dizem simplesmente: o coração arde diante da Palavra de Deus, o coração arde diante do chamado de Jesus, o coração arde diante do chamado da Igreja, pois corações ardentes, pés a caminho. Pés que se colocam na busca da realização do sonho, na realização do ideal, do colocar-se a serviço da comunidade que é a Igreja”, fala dom Geremias.

“Seu sentido está em favorecer que cada pessoa acolha o chamado de Jesus como graça, de maneira que mais corações ardam e que os pés se ponham a caminho em saída missionária. Esse é o grande desejo desse 3ºAno Vocacional”, destaca. “Para que o nosso povo possa refletir sobre isso, rezar sobre isso nas comunidades e fazer com que tenhamos vocações sempre mais fiéis, sempre mais firmes e sempre mais desejosas de viverem a realidade especialmente das pessoas que sofrem”, destacou dom Geremias.

No final da celebração, representantes das diversas vocações da Igreja (padres, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, casais, leigos e leigas) levaram até o presbitério o coração símbolo do Ano Vocacional. Durante o ano, o símbolo vai percorrer toda a arquidiocese e, em cada paróquia, serão colocados ali dentro os nomes dos seus vocacionados: os membros do Conselho de Pastoral Paroquial (CPP).

O arcebispo dom Geremias, os três neodiáconos e padre Renato Pelisson, coordenador do Serviço de Animação Vocacional (SAV) foram os primeiros a colocarem seus nomes no coração. “O bispo é o primeiro responsável nas dioceses pelas vocações, e depois todos nós somos vocacionados”, falou o padre Joel Ribeiro Medeiros, destacando que o símbolo do ano vocacional une-se ao símbolo da nossa arquidiocese: o coração. “A vocação não é só padre, freira, bispo, mas todos os batizados”, conclui padre Joel.

Presença da família

A família tem papel importante na caminhada vocacional dos novos diáconos. Foram eles que deram suporte aos seminaristas nos cerca de 10 anos de formação. No dia da ordenação, presenciam de perto a realização de um sonho. Terezinha Maria Izzo, mãe do diácono Junior, falou que é até difícil descrever a emoção e a alegria. “Eu acredito que nós teremos um bom padre, porque ele mostra isso. E eu estou muito feliz por entregar ele pra Deus.”

Segundo Dione Maria Ferraz Martins, mãe do diácono Ricardo, o filho desde criança tinha o desejo de ser padre. “Meu coração está pulando de alegria. Ele buscou Deus a vida toda e hoje ele está concretizando aquilo que ele mais sonhava.”

Pais do diácono Jefferson, Maria Regina e David Bassetto Neto também falam da alegria de verem um filho no caminho do sacerdócio. “A gente fica muito feliz. Eu tenho uma irmã freira também, mas padre será o primeiro. É a coisa mais linda do mundo para um pai e uma mãe. A gente fica honrado, feliz da vida”, fala David.

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Santa Missa:

Fotos: Ernani Roberto

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