A Ecologia integral como um caminho de vida e de cura para um planeta doente foi o tema do primeiro dia de encontro formativo para os bispos referenciais das Pastorais Sociais e da Ação Sociotransformadora dos regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O encontro ocorre em Brasília (DF), nos dias 5 e 6 de junho de 2024, e é promovido pela Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da CNBB. O arcebispo dom Geremias Steinmetz participa do evento.

O bispo da Diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão para a Ecologia Integral e Mineração da CNBB, dom Vicente de Paula Ferreira, trouxe sua contribuição ao primeiro dia de assessoria, ao destacar os conteúdos da encíclica do Papa Francisco “Laudato Si’” que fala sobre o cuidado da Casa Comum e da exortação apostólica “Laudate Deum”, do Santo Padre sobre a crise climática.

Estiveram presentes no início da formação o núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, e o secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar de Brasília, dom Ricardo Hoepers. Dom Giambattista ressaltou a realidade dos eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul e a solidariedade da Igreja em ajudar as pessoas atingidas pela catástrofe das inundações que têm se tornado frequentes no cenário de mudanças climáticas.

O secretário-geral da CNBB, dom Ricardo, agradeceu a presença dos bispos no encontro e destacou o trabalho realizado pela Comissão Sociotransformadora em pautas imprescindíveis como a da ecologia integral. “É urgente que nos mobilizemos para o tema da Campanha da Fraternidade do ano que vem, para que se torne um tema de todos, em todo o Brasil”, enfatizou. No próximo ano, será refletido o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, com o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31).

Lucro máximo e menor custo

Em seguida, dom Vicente Ferreira começou a formação refletindo sobre a situação atual, destacando o crescente paradigma tecnocrata que busca o lucro máximo com o menor custo. Trata-se de um modelo disfarçado de racionalidade, progresso e promessas ilusórias. Ele fez referência ao Papa Francisco na encíclica Laudato Si’, nº 31, enfatizando que “os próprios pobres, confusos e iludidos pelas promessas de tantos falsos profetas, caem na armadilha de um mundo que não foi feito para eles”.

O bispo lembrou que o planeta Terra é um organismo vivo, no qual tudo sobrevive em interdependência. “Por isso, para os problemas globais, as soluções têm de ser globais”, sugeriu. Convidou a “contemplar as feridas da terra e da gente como senhas pascais”. E reforçou o convite à conversão ecológica, eclesial e social. Essas, provocações do Papa Francisco.

Lembrou que a Ecologia Integral é paradigma que unifica e inspira a ação Sociotransformadora. Convidou a uma posição política diante das diversas situações de desrespeito aos direitos dos povos e da natureza, considerando a profecia da Igreja e a importância da participação cidadã em vista das eleições municipais. A partir de uma “espiritualidade ecológica: de simplicidade e poesia; nova aliança entre o ser humano e a terra; é preciso considerar a criação como sacramento do amor de Deus, primeiro livro no qual Ele escreve seus misteriosos afetos por nós”.

Por fim, convidou os bispos ao trabalho em grupos para refletirem a partir da exigência de uma urgente conversão ecológica, sobretudo tendo em vistas agendas como a Campanha da Fraternidade 2025 e a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). Os participantes trouxeram sugestões para trabalhar a Ecologia Integral como eixo transversal no ministério episcopal, na evangelização com o povo e nas incidências políticas nacionais e internacionais.

CNBB

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