O arcebispo de Londrina Dom Geremias Steinmetz chegou nesta sexta-feira (28/2) da Visita Ad limina, que fez, junto com os bispos do Paraná, ao Papa Francisco, aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo e às principais basílicas e dicastérios da Cúria Romana.

 

Foram 10 dias de visitas em que os bispos paranaenses puderam conhecer e trocar experiências com os padres que trabalham nos dicastérios e rezar diante dos túmulos dos apóstolos escolhidos por Cristo para conduzir a Igreja.

 

Mas o ponto alto da visita foi o encontro com o Papa Francisco, no dia 24 de fevereiro. Foram três horas de conversas, onde os bispos falaram da realidade na Igreja do Paraná. “A visita ao Santo Padre foi uma experiência muito rica, tivemos tempo suficiente para entender suas ideias, o modo como ele conduz a Igreja e os grandes desafios que ele sente no trabalho da Igreja”, afirmou dom Geremias, durante coletiva de imprensa na sexta-feira.

 

Como presidente do Regional Sul 2 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Geremias fez um discurso ao Papa Francisco, em nome dos bispos paranaenses. Ele apresentou o Regional Sul 2, que conta com 18 dioceses e eparquias de rito ucraniano. O arcebispo iniciou falando dos pontos positivos como o crescimento no número de padres no Estado, o grande número de seminaristas e o aumento da quantidade de paróquias.

 

“Falamos da boa organização nas pastorais sociais, como, por exemplo, a Pastoral da Criança, que nasceu no Paraná. Falamos sobre o trabalho missionário e a missão São Paulo VI de Guiné Bissau e a atuação do laicato. A grande participação dos leigos, no CPP (Conselho Paroquial Pastoral), na Catequese. Hoje temos mais de 30 mil ministros”, comentou o arcebispo.

 

Ele também falou do trabalho das escolas de diáconos. Mas não dosou a pílula ao falar dos desafios da Igreja do Paraná. “Falei dos desafios como a formação que é dada aos padres que estão chegando e a dificuldade de envio de missionários para as regiões de missão”, exemplificou dom Geremias.

 

O arcebispo contou que o Santo Padre falou com eles em três perspectivas diferentes. “Ele tem noção do que é a Igreja no mundo. Se acontece alguma coisa em Londrina, ele sabe, se acontece alguma coisa na Alemanha, ele sabe. É um homem de visão de Igreja impressionante. Depois ele fala da perspectiva teológica, como o bispo e padre têm que se colocar e depois da questão pastoral. A igreja que tem que correr atrás das periferias existencial. Tem que ser uma Igreja em Saída”, contou dom Geremias.

 

DICASTÉRIOS

As visitas aos dicastérios também foram momentos importantes. Os bispos estiveram, por exemplo, no Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida; para o serviço do desenvolvimento integral; para a comunicação e para a Promoção da Nova Evangelização.

 

No dicastério para a nova evangelização os bispos discutiram a evangelização nos nossos tempos, sobre a questão das tecnologias, a evangelização da cultura urbana, sobre os desafios que vão aparecendo na juventude, por conta dessa mudança de época. “Um novo jeito de pensar e ser. A comunicação de ponta a ponta é simultânea e instantânea e isso vai gerar um novo modo de nos expressar. Essa é uma questão e um desafio para compreendermos isso cada vez mais”, afirmou o arcebispo de Londrina.

 

EXPERIÊNCIA PESSOAL

A Visita Ad limina representou um passo profundo no episcopado de dom Geremias Steinmetz. Ele não havia participado de uma Visita Ad limina. “É a segunda diocese em que trabalho e não tinha feito Visita Ad limina e parecia uma coisa que estava faltando. Me preparei bastante para essa viagem. Foi, também, uma tentativa de fazer o nosso povo participasse deste momento”, compartilho.

 

Também foi um momento significativo para a Igreja do Paraná. “A gente volta fortalecido, com uma nova energia e ânimo para continuar o nosso trabalho”, afirmou o presidente do Regional Sul 2 da CNBB.

 

A visita é realizada de cinco em cinco anos por todos os bispos do mundo inteiro, divididos por países ou regionais.Apesar de ser prevista no Código de Direito Canônico a cada cinco anos, a última Visita Ad Limina dos bispos do Paraná foi realizada em 2010. Participaram da peregrinação 22 bispos, de 18 dioceses e duas eparquias de rito ucraniano do Paraná.

Aline Machado Parodi
PASCOM Arquidiocesana

 

Fotos: Tiago Queiroz

 

Material produzido pelo Regional Sul 2 da CNBB traz subsídios para o entendimento de questões éticas e políticas do Brasil

A Arquidiocese de Londrina lançou nesta quarta-feira (1) a “Cartilha de Orientação Política: Os cristãos e as eleições 2018”. Produzido pelo Regional Sul 2 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), é a primeira vez que o material é distribuído em nível nacional. O objetivo da cartilha é levar aos eleitores e candidatos subsídios para o entendimento das questões éticas, políticas e históricas do País.

Serão distribuídas em torno de 15 mil cartilhas na arquidiocese e mais de 500 mil no Brasil. “Percebemos (analisando o conteúdo da cartilha) que a preocupação é entender as questões que ameaçam a democracia do nosso tempo e a crise ética. Continuamos acreditando no Brasil, mas precisamos eliminar vícios históricos e ideologias, que não condizem com a vocação para a paz, vida e misericórdia”, afirmou dom Geremias Steinmetz, arcebispo de Londrina.

O arcebispo ressaltou que o atual momento político exige uma palavra de orientação. “Infelizmente, muitas pessoas não têm orientação a respeito da eleição. É preciso fazer uma orientação histórica para que a eleição seja limpa e produza pessoas que venham contribuir com a nação”, disse.

A cartilha é dividida em quatro partes. A primeira trata sobre a crise política, o descrédito com os políticos e o acirramento da polarização. A segunda fala da Igreja e as eleições, lembrando das contribuições da Igreja católica na aprovação de leis importantes como a Lei contra a Corrupção Eleitoral e da Ficha Limpa, e pede uma maior participação dos católicos na política.

A terceira parte traz informações sobre o processo eleitoral em si, explicando sobre os cargos em disputa, coeficiente eleitoral, voto em legenda e financiamento de campanha. A última parte é sobre a responsabilidade de cada eleitoral e como denunciar compra de votos. Um dos maiores desafios desta eleição será o combate às Fake News. O assunto também foi contemplado na cartilha.

Dom Geremias recordou as ações que a CNBB já realizou no sentido de contribuir para o fortalecimento da democracia. “A CNBB teve forte participação em leis como da ficha limpa. Ela só aconteceu porque os católicos tiveram participação na coleta de assinaturas. Estamos continuando (com a cartilha), mas só isso não é suficiente para o povo ter conscientização em vista das eleições.”

As informações da cartilha, afirmou o arcebispo, são destinadas para qualquer cidadão, não apenas aos católicos. “Claro que sonhamos que todos os católicos leiam e consigam votar dando passos sérios na democracia, na eliminação de políticos que não conseguem mais dar conta da situação política no momento. Precisamos de gente que se coloque contra a corrupção e mais a serviço do povo do que a grupos e corporações políticos e ideológicos”, disse.

O assessor da Pastoral de Fé e Política, padre Antônio Carlos da Silva, afirmou que as paróquias precisam assumir o compromisso de compartilhar a cartilha. “O conteúdo aponta um caminho para o discernimento, principalmente quando vemos a polarização entre direita e esquerda, quando fica de fora a vida e o compromisso de um Brasil mais inclusivo”, argumentou. Segundo ele, as paróquias têm o dever moral de distribuir o material e fomentar o debate saudável junto aos leigos da comunidade.

Aline Machado Parodi
PASCOM Arquidiocesana

Cartilha produzida pelo Regional Sul 2 da CNBB e distribuída para todo país

 

Fotos Tiago Queiroz