Formação permanente é uma exigência do ministério e uma necessidade para os padres das diversas faixas etárias

Padres da Arquidiocese de Londrina fizeram, entre os dias 7 e 9 de março, o curso semestral dos presbíteros, sobre o tema: “Atos dos Apóstolos e as comunidades’, ministrado pela teóloga, biblista e tanatóloga, Sonia Sirtoli Färber. Foram três dias em que os padres se debruçaram sobre a vivência das primeiras comunidades cristãs, a partir dos Atos dos Apóstolos, aplicando os ensinamentos para os dias de hoje, “como atualizar a Palavra na vida pastoral”, explica a teóloga, que tem pós-doutorado em Ciências do Cuidado da Saúde (UFF), e doutorado e mestrado em Teologia.

Sônia compara o livro dos Atos dos Apóstolos a um álbum de família, no qual se encontra a própria história e por isso é algo que nunca fica velho. “Nós olhamos para nossa história e vemos como fizeram aqueles que acertaram e tentamos imitar, e vemos onde que não deu certo e a gente tenta revisar também a nossa prática”, explica.

Para ela, é preciso retomar o evento fundante das primeiras comunidades: “o ideal da comunidade que estuda junto, que tem comunhão fraterna, que parte o pão, que reza junto, então [precisamos] voltar para as origens”, acrescenta.

Padre Manuel Joaquim Rodrigues dos Santos, coordenador da Pastoral Presbiteral, destaca que os assuntos das páginas dos Atos dos Apóstolos estão muito presentes na vida do ministério sacerdotal e na vida pastoral. “A gente às vezes pensa que está descobrindo a pólvora em 2023, mas na verdade os apóstolos já tiveram a oportunidade de vivenciar as mesmas questões e nos deixaram um legado de erros e acertos para que a gente, com inteligência, possa discernir e não cair nos mesmos erros.”

O tema do encontro deu continuidade à reflexão iniciada no curso dos presbíteros do ano passado ministrado por dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), conta padre Joel Ribeiro Medeiros, organizador do curso e coordenador da Pastoral Presbiteral até a última reunião do clero, realizada nos dias 1 e 2 de março deste ano. “Dom Joel tratou sobre os pilares da Ação Evangelizadora no Brasil e falou muito da importância das comunidades, as celebrações vão ter muito peso se tivermos a comunidade bem formada, isso que o olhar pós-ressurreição, que é a experiência dos Atos dos Apóstolos.”

O padre destaca que o curso não se limitou à questão intelectual, pois a palestrante trouxe também uma mística e espiritualidade profundas, “da vivência, da oração, não apenas de alguém que entende, mas que vive o que ensina, ela transmite isso, acho que foi bem significativo”, conclui.

Missão

Padre Joel explica que a reflexão sobre os Atos dos Apóstolos foi conduzida como uma continuidade do evangelho de Lucas (ambos foram escritos por Lucas), abordando a vida, morte e ressurreição de Jesus e o “Ide pelo mundo afora”. “E que mundo é este? É muito interessante porque a gente tem ideia do mundo: a África, a Ásia. Ela não nega isso, mas o mundo é aquele que está mais próximo e que necessita de evangelização, por exemplo, qualquer um de nós, o catequista, o nosso grupo, onde nós estamos”, destaca.

Dia internacional da mulher

Os padres destacaram a alegria de ter a Sonia como palestrante no dia internacional da mulher, dia 8 de março, o que motivou uma discussão interessante sobre o papel da mulher na Igreja, explicou o padre Joel. “Ela traz a mulher como aquela que faz parte do processo dentro do seu papel, não apenas aquela que executa. Foi muito interessante a fala dela, porque não é querer assumir o lugar do outro, mas é uma mulher convicta do seu ministério dentro da Igreja.”

Segundo o padre Manuel Joaquim, a Igreja Católica tem trabalhado muito a reflexão de trazer as mulheres para patamares não só de decisão, mas de formação. “É uma alegria para nós padres termos uma mulher que tem idade para ser nossa irmã, ou até mãe de muitos padres que estão aí, trazendo o pão da palavra, afinal foi a mãe que nos alimentou do leite materno e da fé, a fé veio das mulheres desde os primeiros momentos, e agora temos ela nos trazendo o pão da palavra”, conclui.

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Fotos: Tiago Queiroz