Meu Senhor e Meu Deus!

Quando eu era pequeno lá na minha cidade, no interior de Minas, eu ia à missa, e durante a celebração, sempre escutava uma frase que muito me chamavaa atenção. Embora entendesse, assim como todos, o que significava a frase, não tinha a compreensão do seu conteúdo, e nem sabia de onde vinha, mas como era costume repetirem, assim também eu o fazia. E era bem no momento em que eu mais prestava atenção à missa. Os piedosos Sacerdotes Vicentinos, na consagração, elevavam a hóstia e depois elevavam o cálice; e após cada elevação, num breve momento de Adoração, toda a comunidade, com uma voz de prece, dizia: “Meu Senhor e Meu Deus!” Aquilo fazia eco dentro da Igreja, até chegar ao mais profundo dos corações…

 

O inspirador dessa belíssima oração foi Tomé, que pertenceu ao grupo dos doze apóstolos de Jesus. O Senhor o chamou, e através dele nos ensinou. Disse Tomé a Jesus: Senhor, nós nem sabemos para onde vais, como poderíamos saber o caminho?”(Jo 14,5). Temos aqui, Tomé interrogando Jesus sobre o caminho. Quando ele fala que não sabe o caminho, é alguém que não sabe a direção, ou o endereço, mas que mesmo assim se dispõe a caminhar. O fato de não saber ao certo aonde ir, mas se colocar a caminho, no caso de Tomé é desejar ou esperar que o Senhor conduza seus passos, sua vida. Isso se confirma quando Jesus dá uma certeza a Tomé dizendo: “eu sou o caminho a verdade e a vida!” (Jo 14,6).

 

Tomé surge, decididamente, quando Jesus vai até Lázaro, que estava morto. Mesmo diante das objeções dos demais apóstolos, com voz corajosa, Tomé diz: “Vamos nós também, para morrermos com Ele” (Jo 11,16). É uma decisão cheia de vigor, pois, evidencia uma disposição total e uma identificação com Jesus, na qual está determinado a segui-lo em todos os momentos. Tomé era corajoso, não tendo medo de enfrentar o que fosse preciso para seguir Jesus.

 

A Ressurreição de Jesus foi o ápice, de fato, da manifestação de fé do Apóstolo Tomé. Diante da dúvida: “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser o meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei” (Jo 20,25). Jesus responde: “Põe o teu dedo aqui e vê minhas mãos!… Não sejas incrédulo, crê!” (Jo 20,27). Neste momento Tomé se depara com o ato de acreditar e faz um encontro com a pessoa de Jesus. Sabemos que ele que não tinha crido, e Jesus o convida a crer. Ao ver as chagas, ao reconhecer Jesus através de suas chagas, Tomé exclama: “Meu Senhor e Meu Deus” (Jo 20,28).

 

Tomé nos mostra Jesus e nos ajuda a colocar no devido lugar as nossas inseguranças, o que não significa acomodá-las, mas, saber direcioná-las; e também nos dá uma luz sobre as nossas incertezas, fazendo-nos perceber que de uma dúvida, podemos ser conduzidos a uma certeza; e ainda nos dá um testemunho: de seguimento a Cristo, de coragem e de fé.

 

É verdade, pois, que a oração que ecoava na missa daquela Igreja do interior de Minas, tinha bem mais expressão, bem mais significado, um grande conteúdo de fé a ser explicado, muito maior do que eu imaginava imaginar mas, também é bem verdade, que naquela oração continha toda verdade de fé professada pelo Apóstolo Tomé.

Frei Wainer José de Queiroz FMM
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Piedade

Coordenador Geral da CRB Londrina