Padre Lourival Zati, paróco da Paróquia Nossa Senhora do Amparo, Decanato Leste, explica a tradição da Folia de Reis. A paróquia mantém o grupo “Menino Deus”, que, entre os dias 24 de dezembro e 6 de janeiro, faz visitas nas casas, representando a história da viagem dos três reis magos até Belém para adorar o Menino Jesus

 

Grupo de Folia de Reis “Menino Deus”, da Paróquia Nossa Senhora do Amparo, com o pároco, padre Lourival Zati

 

A Paróquia Nossa Senhora do Amparo, no Decanato Leste, apoia a tradição da Folia de Reis. Mas, afinal, o que significa tudo isso?

 

A folia de Reis não é apenas folclore, é uma verdadeira demonstração de fé, uma celebração da viagem que os Magos fizeram a Belém para adorar o Menino Jesus. Quem deu nome aos Magos foi Magnelli, um historiador do século IX, num documento chamado Pontificalis Ecclesiae Ravenatis. Os nomes são Gaspar, Baltazar e Melquior (não Belquior).

 

Gaspar: Moreno forte de olhar expressivo e Rei de Sabá, da geração dos camitas. Sabá ficava no continente africano, nas regiões montanhosas da África oriental. Presenteou Jesus com mirra, uma espécie de perfume que se usava para ungir falecidos.

 

Baltazar: Rei de Társis, da geração dos Jafelitas, foi o Rei que ofertou incenso (Plantas aromáticas usadas para queimar em igrejas em solenidades).

 

Melquior: Nobre Rei da Arábia, da geração dos semitas. Arábia fica no continente asiático, entre o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico.

 

Fitas coloridas na bandeira e instrumentos.  Verde, vermelho e amarelo lembram a trilogia dos Reis e os presentes ofertados. O branco, rosa e azul lembram a trilogia da Sagrada Família: rosa, a cor de São José, símbolo do amor e paciência; azul é a cor do céu e da Virgem Maria e o branco é a cor do Menino Jesus, símbolo da paz.

 

Os magos são considerados estudiosos e astrólogos, seguidores da doutrina masdeísta, mas quando souberam da notícia importante que Jesus iria nascer correram ao encontro desse Menino que verdadeiramente salvaria a humanidade. Eles deixaram de lado tudo o que acreditavam. O encontro com o Menino Jesus foi uma mudança de vida. Por isso a religiosidade popular é citada no Documento de Aparecida no número 258 como precioso tesouro da Igreja, que os venera como Santos Reis.

 

Origem

A folia de Reis surgiu na Espanha no início do Século XIII. De lá foi para Portugal, os portugueses a trouxeram para o Brasil onde recebeu aprimoramentos. No Brasil, os reisados (ou festa dos Santos Reis) foram muito incentivados pelos padres Jesuítas. O Estado de Minas Gerais tornou-se o berço dessa modalidade. A bandeira é confeccionada em tecido de boa qualidade, bordada ou pintada à mão com as figuras do presépio. É venerada pelos devotos.

 

O nome de folia assusta um pouco (rs), mas folia significa dança rápida ao som do pandeiro. Por isso os cantadores são chamados foliões. Nesse caso folia não significa bagunça. Pode também ser chamada de Companhia de Reis (cantadores que acompanham a bandeira). Existem danças típicas da Folia de Reis que são chamadas de corta jaca e meia lua.

 

Os “Bastião’s” (erroneamente chamados de palhaços) têm uma ligação com a crença sebastianista surgida em Portugal depois que o Rei dom Sebastião morreu misteriosamente na batalha de Alcácer Quebir, na África, em 1578. O povo acreditava que ele não havia morrido e iria voltar. Essa crença perdurou por muitos séculos. No Brasil, inseriu-se o personagem do bastião em algumas culturas e inclusive na Folia de Reis. O uso de máscaras é para manter a identidade de “o encoberto”. Todos sabem que ele é o “bastião”, mas não sabem qual pessoa é. Na tradição, os mascarados representam também os soldados e defensores da bandeira, não podem ausentar-se dela e nem andar na frente. Cabe a eles fazer versos sacros e engraçados para animar as pessoas presentes.

 

A estrela. Muitos podiam pensar que se tratava de alinhamento de planetas, mas para os devotos, a estrela é a luz de Deus na vida daqueles que desejam conhecer Jesus. A Luz de Deus não pode brilhar onde existe maldade e se apaga diante do Palácio de Herodes. Por isso os Magos precisam obter informações sobre o local do nascimento.

 

A festa da Epifania do Senhor é celebrada no domingo mais próximo ao dia 6 de janeiro (Dia de Reis) e significa manifestação. Deus se manifesta para salvar seu povo e os cantadores de folia de reis se manifestam na fé e devoção, cantando, anunciando e evangelizando com a Bandeira de Santos Reis. Da noite de Natal até o dia 1 de janeiro, dia da Confraternização Universal, representa a viagem dos Magos até Belém e, do dia 2 de janeiro até o dia 6, significa o retorno aos seus reinos com a missão cumprida a suas vidas transformadas.

 

Teremos no dia 19 de janeiro um encontro com várias folias de Reis da regiãos, na Capela dos Santos Reis, Rua Praia da Baleia, no Jardim Porto Seguro em Londrina. Começaremos com a Santa Missa às 9h30 e, em seguida, almoço e apresentações.

 

Eu poderia falar mais sobre essa tradição, mas acredito que esse resumo já esclarece um pouco. Deus abençoe a todos, um forte abraço!    

 

Padre Lourival Zati
Paróquia Nossa Senhora do Amparo, Decanato Leste

 

FONTE: Livro “História, Mensagens e Embaixadas de Folia de Reis”. (Francisco Garbosi)

 

Fotos: Pascom Paroquial