Na abertura dos trabalhos da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo sobre a Sinodalidade, que começou na quarta-feira (4) no Vaticano, o Papa Francisco recordou que “se o Espírito Santo estiver no comando, será um bom sínodo, e se Ele não estiver, não será”

Na tarde dessa quarta-feira, 4 de outubro, na Sala Paulo VI, no Vaticano, teve inicio a primeira Congregação Geral da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com a presença do Papa, que de forma espontânea discursou aos participantes.

Francisco iniciou recordando “que foi São Paulo VI quem disse que a Igreja no Ocidente tinha perdido esta ideia de sinodalidade, e por isso criou o secretariado do Sínodo dos Bispos, que realizou muitos encontros, muitos sínodos sobre temas diferentes”.

Ao discorrer sobre o conceito de sinodalidade, o Santo Padre observou que este ainda não atingiu pleno amadurecimento e não é amplamente compreendido dentro da Igreja. No entanto, ele destacou que ao longo de quase seis décadas, a Igreja tem gradualmente trilhado esse caminho, “e hoje podemos chegar a este Sínodo com este tema”. De acordo com o Pontífice, esse enfoque surgiu através dos bispos de todo o mundo. Após o Sínodo da Amazônia, um questionário foi enviado às dioceses, e a questão da sinodalidade emergiu como um tema amplamente evidenciado e apoiado pela grande maioria dos bispos.

Não somos um parlamento

“O Sínodo não é um parlamento, é outra coisa; o Sínodo não é uma reunião de amigos para resolver algumas questões atuais ou dar opiniões, é outra coisa. Não esqueçamos, irmãos e irmãs, que o protagonista do Sínodo não somos nós: é o Espírito Santo”, enfatizou Francisco.

O Papa então sublinhou a importância da presença do Espírito Santo, que traz harmonia a comunidade eclesial, e que deve guiar o Sínodo. E em seguida fez um alerta aos participantes: “se entre nós houver outras formas de avançar pelos interesses humanos, pessoais, ideológicos, não será um Sínodo, será uma reunião parlamentar”.

A harmonia do Espirito Santo

“Se neste Sínodo chegarmos a uma declaração que é tudo igual, sem nuances , o Espírito não está aqui, ficou do lado de fora” destacou o Santo Padre ao afirmar que  a Igreja é composta de uma única harmonia de vozes que são conduzidas pelo Espírito Santo: “é assim que devemos conceber a Igreja, cada comunidade cristã, cada pessoa tem a sua peculiaridade, mas estas particularidades devem ser incluídas na sinfonia da Igreja, e esta sinfonia é criada somente pelo Espírito”.

Francisco destacou ainda que o Espírito Santo nos conduz pela mão e nos consola: “a presença do Espírito é assim – permitam-me a palavra – quase materna, como uma mãe nos conduz, nos dá esta consolação. Devemos aprender a ouvir as vozes do Espírito: são todas diferentes. Aprendamos a discernir”.

Atenção às palavras

Outro alerta do Papa foi sobre as palavras vazias e mundanas: “a tagarelice é contrária ao Espírito Santo e é uma doença muito comum entre nós. Palavras vazias entristecem o Espírito Santo, e se não permitirmos que Ele nos cure dessa enfermidade, será difícil seguir um caminho sinodal adequado. Pelo menos aqui: se você discorda do que um bispo, uma freira ou um leigo estão dizendo, seja franco com eles. Isso é o que significa um Sínodo: falar a verdade, não ter conversas por baixo da mesa.”

“Cuidado com isso: não devemos ocupar o lugar do Espírito Santo com coisas mundanas, mesmo que sejam boas, como o bom senso. Isso é útil, mas o Espírito Santo vai além. Devemos aprender a viver em nossa Igreja com a orientação do Espírito Santo.”

Mensagem aos jornalistas

Francisco relembrou como a controvérsia e a pressão da mídia se sobrepuseram às discussões em Sínodos anteriores. “Quando ocorreu o Sínodo sobre a família, houve uma opinião pública de que a comunhão deveria ser concedida aos divorciados, e isso influenciou o Sínodo. Quando aconteceu o Sínodo para a Amazônia, havia pressão e opiniões públicas sobre a ordenação de homens casados.”

Agora”, disse o Papa, “existem algumas suposições sobre este Sínodo: ‘O que eles vão fazer? Talvez permitir o sacerdócio para as mulheres.’ Eu não sei, essas são as coisas que estão sendo ditas lá fora. E essas coisas são ditas com tanta frequência que os bispos às vezes têm medo de comunicar o que está acontecendo.” Por isso, o Pontífice se dirigiu diretamente aos “comunicadores”, pedindo que desempenhem bem o seu papel, com integridade e imparcialidade.

“Portanto, peço a vocês, comunicadores, que cumpram bem o seu papel, com integridade, para que a Igreja e as pessoas de boa vontade, compreendam que também na Igreja a prioridade é a escuta. Transmitam essa mensagem, pois é de extrema importância.”

Francisco encerrou seu discurso expressando profunda gratidão a todos que contribuem para este momento de pausa e reflexão, onde a Igreja se dedica à escuta durante o Sínodo, enfatizando que, em sua perspectiva, isso representa o aspecto mais significativo e essencial do processo sinodal.

Thulio Fonseca
Vatican News

Foto: Vatican Media

Rezemos para que os católicos ponham no centro da vida a celebração da Eucaristia, que transforma em profundidade as relações humanas e dispõe ao encontro com Deus e com os irmãos.


Reflexão
A intenção de oração deste mês conduz-nos àquilo que é o centro da vida cristã: a Eucaristia. O desejo do Papa é que os cristãos realcem toda a profundidade e significado da Eucaristia, celebrada e vivida em comunidade, para que transforme as nossas relações e nos disponha ao encontro com Deus e uns com os outros.

O sacramento da Eucaristia remete-nos para a Última Ceia e para o gesto do lava-pés, onde Jesus diz aos seus discípulos: «dei-vos o exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também» (Jo 13, 5). Com o testemunho da sua vida, Jesus convida os seus amigos a viver em atitude de serviço generoso e gratuito. Por isso, o Papa Francisco fala da vida eucarística como uma atitude correta diante dos outros, de dar sem receber, com generosidade.

A lógica da Eucaristia está no fato de recebermos Jesus que nos ama e cura as nossas fragilidades para amarmos os outros e para os ajudarmos nas suas fragilidades. Aqui reside a força do amor da Eucaristia, «força do amor que se faz pequeno para ser acolhido e não temido; força do amor que se parte e se divide para alimentar e dar vida; força do amor que se fragmenta para reunir todos nós em unidade», lembra o Papa. A Eucaristia transforma em profundidade as relações humanas, dispõe-nos a ir ao encontro de Deus e de quem vive ao nosso lado. Neste sentido, rezamos para que as nossas comunidades católicas vivam cada vez mais unidas a partir da comunhão do sacramento da Eucaristia, fonte de graça e força para uma vida espiritual mais autêntica.

Oração
Jesus, Pão de Vida, cada vez que te recebemos na Eucaristia dás um novo sentido às nossas fragilidades, e recordas-nos quão valiosos somos aos teus olhos. Que a participação frequente neste sacramento nos una cada vez mais a ti e nos leve a viver como tu, imitando-te na tua capacidade para deixar-se partir e entregar-se aos irmãos, e para responder ao mal com o bem. Que este Pão de Vida que Tu és, Jesus, nos dê a audácia de sair de nós mesmos e de nos aproximarmos, amorosamente, da fragilidade do outro. Amém.
Desafios

  • Celebração da Eucaristia: Participar na Eucaristia com renovada devoção.
  • Escutar a Palavra de Deus: Fazer da Palavra de Deus parte essencial da oração pessoal.
  • Partilhar a vida: Fazer da presença junto do outro Pão de Vida.
  • Deixar-se transformar: Partilhar as fragilidades com Jesus na oração.
  • Abrir-se à missão: Colaborar na missão de compaixão de Jesus.

Foto destaque: Vatinca Media

Na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, Francisco exortou os fiéis a se inspirarem nos Apóstolos para crescer como Igreja do seguimento, humilde, que nunca dá por terminada a busca do Senhor e encontra a sua alegria no anúncio do Evangelho ao mundo

Seguimento e anúncio: estas foram as duas palavras ressaltadas pelo Papa na homilia da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, festejada neste 29 de junho. No Brasil, a data foi transferida para o próximo domingo, 2 de julho.

Na Basílica de São Pedro, concelebraram com o Pontífice os 32 arcebispos nomeados no ano passado. Na Basílica, como é tradição, também estava presente uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. A Santa Sé retribui o gesto fraterno, enviando um representante na Festa de Santo André, em 30 de novembro, padroeiro da Igreja local.

Já em sua homilia, Francisco se inspirou na pergunta que Jesus dirige aos discípulos, contida no Evangelho de Mateus: “Vós, quem dizeis que Eu sou?” (Mt 16, 15). Para o Pontífice, esta é a pergunta fundamental, a mais importante: Quem é Jesus para mim?

Seguimento

Os dois Apóstolos responderam a esta pergunta de modo diferente. A resposta de Pedro poderia se resumir em uma palavra: seguimento. Pedro largou tudo para ir atrás do Senhor. E o Evangelho sublinha que foi “imediatamente”, não disse a Jesus que iria pensar, fazer cálculos para ver se lhe convinha, não apresentou desculpas para adiar a decisão, mas deixou as redes e O seguiu. Haveria de descobrir tudo dia após dia, no seguimento de Jesus.

Aquela anotação “imediatamente”, acrescentou o Papa, vale também para nós: se há tantas coisas na vida que podemos adiar, o seguimento de Jesus não pode ser uma delas. E atenção! Pois algumas desculpas aparecem disfarçadas de espiritualidade, como “não sou digno”, “não sou capaz”. Para Francisco, são artimanhas do diabo, que nos rouba a confiança na graça de Deus. A lição de Pedro, portanto, é: devemos nos desprender de nossas seguranças terrenas, imediatamente, e seguir Jesus todos os dias. 

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Já a resposta de Paulo se resume na palavra anúncio. No caminho de Damasco, Jesus foi ao seu encontro e cegou-o com a sua luz, ou melhor, graças àquela luz, Saulo deu-se conta de quanto era cego. Assim, consagra a sua vida a percorrer terra e mar, cidades e aldeias, para anunciar Jesus Cristo.

Portanto, à pergunta “quem é Jesus para mim”, Paulo não responde com uma religiosidade intimista, mas com a inquietação de levar o Evangelho aos outros. Também hoje, observou o Papa, a Igreja tem necessidade de colocar o anúncio no centro, que não se cansa de repetir: “Ai de mim se eu não evangelizar”. Uma Igreja que precisa anunciar como necessita de oxigênio para respirar.

Francisco exortou os fiéis a se inspirarem nos Apóstolos Pedro e Paulo para crescer como Igreja do seguimento, como Igreja humilde que nunca dá por terminada a busca do Senhor, tornando-se simultaneamente uma Igreja aberta, que encontra a sua alegria não nas coisas do mundo, mas no anúncio do Evangelho ao mundo.

Dirigindo-se aos arcebispos que recebem o Pálio, pede que sejam apóstolos como Pedro e Paulo, discípulos no seguimento e apóstolos no anúncio. Por fim, o Pontífice saudou a Delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, enviada por Bartolomeu. “Obrigado pela presença! Caminhemos juntos, no seguimento e no anúncio da Palavra, crescendo na fraternidade. Que Pedro e Paulo nos acompanhem e intercedam por nós.”

Bianca Fraccalvieri
Vatican News

Foto: Reprodução Vatican Media

Papa Francisco (copyrigth@ Vatican Media)

O prefeito do dicastério de Comunicação do Vaticano, Paolo Ruffini, divulgou uma carta às dioceses, paróquias e comunidades com orientações sobre o uso indevido de imagens do Papa Francisco com o objetivo “de evitar situações desagradáveis, tais como ações judiciais ou o pagamento de indenizações financeiras” em razão da utilização de fotografias cujos direitos autorais pertencem à agências privadas de imagem.

O dicastério orienta as Igrejas a utilizarem o site (www.vatican.va). Diferente do site (www.vaticannews.va), que utiliza fotos privadas de agências com as quais o Dicastério mantém acordos que não podem ser estendidos a terceiros, todas as fotografias postadas no Vatican.Va são de propriedade do Vatican.Media.

Para os sites institucionais das Conferências Episcopais, dioceses, paróquias e instituições relacionadas, o dicastério concede o uso gratuito até o máximo de 10 fotos por mês, com a exigência de que a publicação da foto seja acompanhada pelo “copyrigth@ Vatican Media”.  O documento também apresenta outras orientações para facilitar o acesso às páginas e plataformas de comunicação e informação da Santa Sé.

Conheça a íntegra do documento: Orientações para o uso de imagens do Papa

Entrevista do Papa Francisco à mídia vaticana sobre ser genitores em tempo de Covid e o testemunho de São José, exemplo de força e ternura para os pais de hoje.

 

O Ano especial sobre São José se concluiu em 8 de dezembro passado, mas a atenção e o amor do Papa Francisco por este Santo não se esgotaram; pelo contrário, se desenvolveram ulteriormente com as catequeses que, desde 17 de novembro passado, está dedicando à figura do Padroeiro universal da Igreja. Da nossa parte, L’Osservatore Romano publicou uma coluna mensal no decorrer de todo o ano de 2021, que foi proposta também no site do Vatican News, sobre a Patris Corde, dedicando cada artigo a um capítulo da Carta Apostólica sobre São José. Esta coluna que falou de pais, mas também de filhos e de mães em diálogo ideal com o Esposo de Maria, suscitou em nós o desejo de poder nos confrontar com o Papa precisamente sobre o tema da paternidade em suas mais diversas facetas, desafios e complexidades. Assim nasceu esta entrevista, em que Francisco responde às nossas perguntas mostrando todo o seu amor pela família, a sua proximidade por quem experimenta o sofrimento e o abraço da Igreja aos pais e mães que hoje devem enfrentar inúmeras dificuldades para dar um futuro aos próprios filhos.

 

Santo Padre, o senhor convocou um Ano especial dedicado a São José, escreveu uma carta, a Patris Corde, e está realizando um ciclo de catequeses dedicado à sua figura. Que representa São José para o senhor?

Nunca escondi a sintonia que sinto em relação à figura de São José. Creio que isto provenha da minha infância, da minha formação. Desde sempre cultivei uma devoção especial a São José porque creio que a sua figura represente, de maneira bela e especial, o que deveria ser a fé cristã para cada um de nós. Com efeito, José é um homem normal e a sua santidade consiste precisamente em ter-se feito santo através das circunstâncias boas e ruins que teve que viver e enfrentar. Porém, não podemos nem mesmo esconder o fato de que encontramos São José no Evangelho, sobretudo nas narrações de Mateus e Lucas, como um protagonista importante do início da história da salvação. De fato, os eventos que viram o nascimento de Jesus foram eventos difíceis, repletos de obstáculos, de problemas, de perseguições, de escuridão, e Deus, para ir ao encontro do Seu Filho que nascia no mundo, colocou ao seu lado Maria e José. Se Maria é aquela que deu ao mundo o Verbo feito carne, José é quem o defendeu, quem o protegeu, quem o nutriu, quem o fez crescer. Nele, poderíamos dizer que existe o homem dos tempos difíceis, o homem concreto, o homem que sabe assumir sua responsabilidade. Neste sentido, em São José se unem duas características. De um lado, a sua acentuada espiritualidade, que é traduzida no Evangelho através das histórias dos sonhos; essas narrações testemunham a capacidade de José de saber escutar Deus que fala ao seu coração. Somente uma pessoa que reza, que tem uma intensa vida espiritual, pode ter também a capacidade de saber distinguir a voz de Deus em meio às muitas vozes que nos habitam. Ao lado desta característica, há depois outra: José é o homem concreto, isto é, o homem que enfrenta os problemas com extrema praticidade, e diante das dificuldades e dos obstáculos, ele jamais assume uma postura de vitimismo. Coloca-se, ao invés, sempre na perspectiva de reagir, de corresponder, de entregar-se a Deus e de encontrar uma solução de maneira criativa.

 

Esta renovada atenção a São José neste momento de tão grande provação assume um significado particular?

O tempo que estamos vivendo é um tempo difícil, marcado pela pandemia do coronavírus. Muitas pessoas sofrem, muitas famílias estão em dificuldade, tantas pessoas são assediadas pela angústia da morte, de um futuro incerto. Pensei que em um momento tão difícil tínhamos necessidade de alguém que pudesse nos encorajar, nos ajudar, nos inspirar, para entender qual é o modo correto para saber enfrentar esses momentos de escuridão. José é uma testemunha luminosa em tempos sombrios. Eis porque era correto dar-lhe espaço neste momento, para poder encontrar o caminho.

 

Seu ministério petrino começou precisamente em 19 de março, dia da festa de São José…

Sempre considerei uma delicadeza do céu poder iniciar meu ministério petrino em 19 de março. Creio que de alguma forma São José quis me dizer que continuaria a me ajudar, a estar ao meu lado, e eu poderia continuar a considerá-lo um amigo a quem posso recorrer, em quem posso confiar, a quem pedir para interceder e rezar por mim. Mas certamente essa relação que se dá na comunhão dos Santos não é reservada somente a mim, penso que poderá ser de ajuda para muitos. Eis porque espero que o ano dedicado a São José tenha despertado no coração de muitos cristãos o valor profundo da comunhão dos Santos, que não é uma comunhão abstrata, mas uma comunhão concreta que se expressa em uma relação concreta e tem consequências concretas.

 

Na coluna sobre a Patris Corde, apresentada pelo nosso jornal durante o ano especial dedicado a São José, entrelaçamos a vida do Santo com a dos pais, mas também com a dos filhos de hoje. O que os filhos de hoje, ou seja, os pais de amanhã, podem receber do diálogo com São José?

Não nascemos pais, mas certamente todos nascemos filhos. Esta é a primeira coisa que devemos considerar, isto é, cada um de nós, para além do que a vida lhe reservou, é antes de tudo um filho, foi confiado a alguém, vem de uma relação importante que o fez crescer e que o condicionou no bem e no mal. Ter essa relação, e reconhecer a sua importância na própria vida, significa entender que um dia, quando tivermos a responsabilidade pela vida de alguém, ou seja, quando tivermos que exercer uma paternidade, levaremos conosco antes de tudo a experiência que tivemos em nível pessoal. E, portanto, é importante poder refletir sobre essa experiência pessoal para não repetir os mesmos erros e valorizar as coisas belas que vivemos. Estou convencido de que a relação de paternidade que José tinha com Jesus influenciou de tal modo sua vida, a ponto de a futura pregação de Jesus estar repleta de imagens e referências retiradas precisamente do imaginário paterno. Jesus, por exemplo, diz que Deus é Pai, e esta afirmação não nos pode deixar indiferentes, sobretudo pensando no que foi a sua experiência humana pessoal de paternidade. Isso significa que José foi um pai tão bom, que Jesus encontrou no amor e na paternidade deste homem a mais bela referência a dar a Deus. Poderíamos dizer que os filhos de hoje que se tornarão os pais de amanhã, deveriam perguntar-se que pais tiveram e que pais querem ser. Não devem deixar que o papel paterno seja fruto do acaso ou simplesmente da consequência de uma experiência feita no passado, mas que conscientemente possam decidir como querer bem alguém, como assumir a responsabilidade por alguém.

 

O último capítulo da Patris Corde fala de José como um pai na sombra. Um pai que sabe como estar presente, mas deixa seu filho livre para crescer. Isso é possível em uma sociedade que parece recompensar apenas aqueles que ocupam espaço e visibilidade?

Uma das mais belas características do amor, e não apenas da paternidade, é precisamente a liberdade. O amor sempre gera liberdade, o amor nunca deve se tornar uma prisão, uma posse. José nos mostra a capacidade de cuidar de Jesus sem nunca tomar posse dele, sem nunca querer manipulá-lo, sem nunca querer distrai-lo da sua missão. Creio que isto seja muito importante como um teste à nossa capacidade de amar e também à nossa capacidade de saber dar um passo atrás. Um bom pai é assim quando sabe se retirar no momento certo para que seu filho possa emergir com a sua beleza, com a sua singularidade, com as suas escolhas, com a sua vocação. Neste sentido, em todo bom relacionamento, é necessário renunciar ao desejo de impor do alto uma imagem, uma expectativa, uma visibilidade, para preencher a cena completamente e sempre com um protagonismo excessivo. A característica de José de saber se colocar de lado, sua humildade, que é também a capacidade de ocupar um lugar secundário, talvez seja o aspecto mais decisivo do amor que José demonstra por Jesus. Neste sentido, ele é um personagem importante, ousaria dizer essencial na biografia de Jesus, justamente porque em determinado momento ele sabe como se retirar de cena para que Jesus possa brilhar em toda sua vocação, em toda sua missão. Na imagem de José, devemos nos perguntar se somos capazes de saber dar um passo atrás, de permitir que outros, e sobretudo aqueles que nos são confiados, encontrem em nós um ponto de referência, e nunca um obstáculo.

 

O senhor já denunciou várias vezes que a paternidade hoje está em crise. O que pode ser feito, o que a Igreja pode fazer para restaurar a força da relação pai-filho, que é fundamental para a sociedade?

Quando pensamos na Igreja, sempre pensamos nela como Mãe, e isto certamente não está errado. Ao longo dos anos, eu também tenho tentado insistir muito nesta perspectiva porque a maneira de exercer a maternidade da Igreja é através da misericórdia, ou seja, é aquele amor que gera e regenera a vida. Não é o perdão, a reconciliação, um modo através do qual somos recolocados em pé? Não é uma maneira através da qual recebemos novamente a vida porque recebemos outra chance? Não pode existir uma Igreja de Jesus Cristo a não ser através da misericórdia! Mas creio que devemos ter a coragem de dizer que a Igreja não deve ser apenas materna, mas também paterna. Ou seja, ela é chamada a exercer um ministério paterno, não paternalista. E quando digo que a Igreja deve recuperar este aspecto paterno, estou me referindo precisamente à capacidade inteiramente paterna de colocar os filhos em condições de assumir suas próprias responsabilidades, de exercer a própria liberdade, de fazer suas escolhas. Se por um lado a misericórdia nos cura, nos consola e nos encoraja, por outro o amor de Deus não se limita simplesmente a perdoar e curar, mas o amor de Deus nos leva a tomar decisões, a tomarmos o nosso caminho.

 

Às vezes, o medo, ainda mais neste momento de pandemia, parece paralisar este impulso…

Sim, este período da história é marcado por uma incapacidade de tomar grandes decisões na própria vida. Nossos jovens muitas vezes têm medo de decidir, de escolher, de se envolver. Uma Igreja é Igreja não só quando diz sim ou não, mas sobretudo quando encoraja e possibilita grandes escolhas. E toda escolha tem sempre consequências e riscos, mas às vezes por medo das consequências e riscos, ficamos paralisados e somos incapazes de fazer algo ou escolher algo. Um verdadeiro pai não diz a você que tudo vai sempre correr bem, mas que mesmo se você se encontrar em uma situação em que as coisas não vão bem, você será capaz de enfrentar e viver com dignidade esses momentos, também os fracassos. Uma pessoa madura se reconhece não por suas vitórias, mas pela forma como sabe viver um fracasso. É precisamente na experiência da queda e da fraqueza que se reconhece o caráter de uma pessoa.

 

Para o senhor, a paternidade espiritual é muito importante. Como os sacerdotes podem ser pais?

Dizia antes que a paternidade não é algo óbvio, não se nasce pai, no máximo torna-se pai. Do mesmo modo, um sacerdote não nasce já padre, mas deve aprender um pouco de cada vez, começando, antes de tudo, por se reconhecer como filho de Deus, mas depois também como filho da Igreja. E a Igreja não é um conceito abstrato, é sempre o rosto de alguém, uma situação concreta, algo a quem podemos dar um nome preciso. Recebemos sempre a nossa fé através de uma relação com alguém. A fé cristã não é algo que se possa aprender nos livros ou através de simples raciocínios, mas é sempre uma passagem existencial que passa através de relações. Assim, a nossa experiência de fé nasce sempre do testemunho de alguém. Devemos, portanto, perguntar-nos como vivemos a nossa gratidão para com estas pessoas e, sobretudo, se conservamos a capacidade crítica para sermos capazes de discernir o que não é bom daquilo que elas nos transmitiram. A vida espiritual não é diferente da vida humana. Se um bom pai, humanamente falando, é pai porque ajuda o seu filho a tornar-se si mesmo, tornando possível a sua liberdade e encorajando-o a tomar grandes decisões, igualmente um bom pai espiritual é pai não quando se substitui à consciência das pessoas que confiam nele, não quando responde às perguntas que essas pessoas carregam em seus corações, não quando domina a vida daqueles que lhe são confiados, mas quando de forma discreta e ao mesmo tempo firme é capaz de mostrar o caminho, fornecer diferentes chaves de interpretação e ajudar no discernimento.

 

O que é hoje mais urgente para dar força a esta dimensão espiritual da paternidade?

A paternidade espiritual é muitas vezes um dom que nasce sobretudo da experiência. Um pai espiritual pode partilhar não tanto os seus conhecimentos teóricos, mas sobretudo a sua experiência pessoal. Só desta forma pode ser útil a um filho. Há uma grande urgência neste momento histórico de relações significativas que poderíamos definir como paternidade espiritual, mas – permitam-me dizer – também maternidade espiritual, porque este papel de acompanhamento não é uma prerrogativa masculina ou apenas dos sacerdotes. Há muitas boas religiosas, muitas consagradas, mas também muitos leigos e leigas que têm uma bagagem de experiência que podem partilhar com outras pessoas. Neste sentido, a relação espiritual é uma daquelas relações que precisamos redescobrir com mais força neste momento histórico, sem nunca a confundir com outros caminhos de natureza psicológica ou terapêutica.

 

Entre as dramáticas consequências da Covid está também a perda do emprego de muitos pais. O que gostaria de dizer a estes pais em dificuldade?

Sinto-me muito próximo ao drama daquelas famílias, daqueles pais e mães que estão vivendo uma dificuldade particular, agravada sobretudo pela pandemia. Acredito que não seja um sofrimento fácil de ser enfrentado, o de não conseguir dar pão aos filhos e de se sentir responsável pela vida dos outros. Neste sentido, a minha oração, a minha proximidade, mas também todo o apoio da Igreja é para estas pessoas, para estes últimos. Mas também penso em tantos pais, tantas mães, tantas famílias que fogem das guerras, que são rejeitadas nas fronteiras da Europa e não somente, e que vivem em situações de dor, de injustiça e que ninguém leva a sério ou ignora deliberadamente. Gostaria de dizer a estes pais, a estas mães, que para mim eles são heróis, porque encontro neles a coragem daqueles que arriscam as suas vidas por amor aos seus filhos, por amor às suas famílias. Também Maria e José experimentaram este exílio, esta provação, tendo de fugir para um país estrangeiro por causa da violência e do poder de Herodes. Esse sofrimento deles os torna próximos destes irmãos e irmãs que hoje sofrem as mesmas provações. Estes pais se dirigem com confiança a São José, sabendo que, como pai, ele viveu a mesma experiência, a mesma injustiça. E a todos eles e às suas famílias, gostaria de dizer que não se sintam sós! O Papa sempre se lembra deles e, na medida do possível, continuará a dar-lhes voz e a não se esquecer deles.

Andrea Monda – Alessandro Gisotti
Vatican News

Programação da Novena do Mês Missionário:

1º Dia Novena – sexta-feira – 02/10
Abertura na Catedral às 18 horas com missa presidida por Dom Geremias Steinmetz

Tema: A vida é missão.

 

2º Dia Novena – terça-feira – 06/10 às 19h30 na Paróquia Santo Antônio, Decanato Sul
Tema: Dia da vida missionária das famílias.

 

3º Dia Novena – sexta-feira – 09/10 às 19h30 na Paróquia Coração de Maria, Decanato Centro
Tema: A vida missonária dos seminarista.

 

4º Dia Novena – terça-feira – 13/10 às 19h30 na Paróquia Nossa Senhora da Glória, Decanato Norte
Tema: A vida missionária da IAM.

 

5º Dia Novena – sexta-feira – 16/10 às 19h30 na Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Decanato Oeste
Tema: A vida missionária consgrada.

 

6º Dia Novena – terça-feira – 20/10 às 19h30 na Paróquia Nossa Senhora da Paz, Decanato Ibiporã
Tema: A vida missionária dos ministros ordenados.

 

7º Dia Novena – sexta-feira – 23/10 às 19h30 na Paróquia São Francisco Xavier, Decanato Cambé
Tema: A vida missionária da juventude.

 

8º Dia Novena – terça-feira – 27/10 às 19h30 na Paróquia Nossa Senhora das Graças, Decanato Porecatu
Tema:  A vida missionária na Amazônia.

 

9º Dia Novena – sexta-feira – 30/10 às 19h30 na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Decanato Leste
Encerramento

 

 

 

 

A expressão latina “Urbi et Orbi” significa “à cidade [de Roma] e ao mundo”. Esse é o nome dado à bênção pronunciada pelo Papa, na sacada central da Basílica São Pedro, em três ocasiões.

Todos os anos, o rito é celebrado no dia de Natal e no dia da Páscoa, as maiores festas cristãs. Além dessas datas, a bênção é concedida no dia da eleição de um novo Papa, logo após o resultado do Conclave.

No dia 27 de março de 2020, o Santo Padre, o Papa Francisco, dará uma Bênção Urbi et Orbi extraordinária, com a Praça de São Pedro vazia. Essa decisão foi tomada devido à atual pandemia de coronavírus (COVID-19), para permitir que as pessoas que acompanhem pelos meios de comunicação possam lucrar a indulgência plenária.

O Santo Padre dirigirá um momento de oração no átrio da Basílica de São Pedro, às 18h (horário de Roma) e 14h (horário de Brasília), depois de rezar com a Palavra de Deus e Adoração ao Santíssimo Sacramento, o Papa concederá a Bênção Urbi et Orbi extraordinária.

“Presidirei um momento de oração no átrio da Basílica de São Pedro. Com a Praça vazia. Desde já, convido todos a participarem espiritualmente através dos meios de comunicação. Ouviremos a Palavra de Deus, elevaremos a nossa súplica, adoraremos o Santíssimo Sacramento, com o qual, ao término, darei a Bênção Urbi et Orbi à qual será unida a possibilidade de receber indulgência plenária“, afirmou o Papa.

Assim, o Pontífice também explicou:

“Queremos responder à pandemia do vírus com a universalidade da oração, da compaixão, da ternura. Permaneçamos unidos. Façamos com que as pessoas mais sozinhas e em maiores provações sintam a nossa proximidade”.

 

 

 

Explicando mais!

 

Urbi et Orbi é uma bênção solene para conceder indulgência plenária, ou seja, o perdão dos pecados.

Decreto da Penitenciária Apostólica explicita, entre outras, as seguintes condições para que se receba a Indulgência Plenária:

Para obter a Indulgência plenária, os doentes de coronavírus, os que estão em quarentena, os profissionais de saúde e familiares que se expõem ao risco de contágio para ajudar quem foi afetado pelo Covid-19, também poderão simplesmente recitar o Credo, o Pai-Nosso e uma oração a Maria.

Os outros poderão escolher entre várias opções: visitar o Santíssimo Sacramento ou a adoração eucarística ou ler as Sagradas Escrituras por pelo menos meia hora, ou rezar o Terço, a Via-Sacra ou o Terço da Divina Misericórdia, pedindo Deus a cessação da epidemia, o alívio para os doentes e a salvação eterna daqueles a quem o Senhor chamou a si.

indulgência plenária também pode ser obtida pelos fiéis que, no momento de morte, não tiveram a possibilidade de receber o Sacramento da Unção dos Enfermos e do Viático: neste caso, recomenda-se o uso do crucifixo ou da cruz.

Sobre a Confissão e Perdão Sacramental

Onde “os fiéis se viram na dolorosa impossibilidade de receber a absolvição sacramental, recorda-se que a contrição perfeita, proveniente do amor de Deus, amado sobre todas as coisas, manifestada por um sincero pedido de perdão (aquilo que no momento o penitente é capaz de expressar) e acompanhada pelo votum confessionis, ou seja, pela firme resolução de recorrer, o quanto antes, à confissão sacramental, obtém o perdão dos pecados, até mesmo mortais”, conforme indicado pelo Catecismo da Igreja Católica (n° 1452).

“O momento atual vivido por toda a humanidade, ameaçada por uma doença invisível e insidiosa, que há algum tempo entrou com prepotência na vida de todos”, afirma a Penitenciária, “é marcado dia após dia pelo medo angustiado, novas incertezas e sobretudo pelo sofrimento físico e moral generalizado.

E conclui: “Nunca, como neste tempo a Igreja experimenta a força da comunhão dos santos, eleva votos e orações ao seu Senhor Crucificado e Ressuscitado, em particular o Sacrifício da Santa Missa, celebrado diariamente, mesmo sem o povo, pelos sacerdotes” e como boa mãe, “a Igreja implora ao Senhor para que a humanidade se liberte desse flageloinvocando a intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Misericórdia e Saúde dos Enfermos, e de seu Esposo São José, sob cuja proteção a Igreja sempre caminha no mundo”.

 

O Rito da Benção

rito é pronunciado em latim, língua oficial da Igreja. A tradução para o português é esta:

Que os Santos Apóstolos Pedro e Paulo, dos quais no poder e julgamento confiamos, intercedam por nós até o Senhor.

R.: Amém.

Que por meio das orações e dos méritos da Santíssima Virgem Maria, de São Miguel Arcanjo, de São João Batista, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e de todos os santos, o Deus onipotente mostre compaixão à vós, e quando perdoados todos os vossos pecados, Jesus Cristo vos conduza à vida eterna.

R.: Amém.

Que o Senhor Todo Poderoso e misericordioso vos conceda indulgência, absolvição, e remissão de todos os vossos pecados, espaço para um verdadeiro e frutuoso arrependimento, mesmo o coração arrependendo-se sempre, e a benção da vida, a graça, a consolação do Espírito Santo e perseverança final nas boas obras.

R.: Amém.

E que a bênção de Deus Todo Poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo desça sobre vós e permaneça sempre.

R.: Amém.

 

Fonte: A12

O motu proprio do Papa Francisco “Vos estis lux mundi” estabelece novos procedimentos para denunciar moléstias e violências, e garantir que bispos e superiores religiosos prestem contas de seu trabalho. Foi introduzida a obrigatoriedade a clérigos e religiosos de denunciar os abusos. Cada diocese deverá dotar-se de um sistema facilmente acessível ao público para receber as assinalações.

 


 

Do Evangelho de Mateus foram extraídos o título e as primeiras palavras do novo Motu proprio do Papa Francisco dedicado à luta aos abusos sexuais cometidos por clérigos e religiosos, e às ações ou omissões dos bispos e dos superiores religiosos «tendentes a interferir ou contornar» as investigações sobre os abusos. O Papa recorda que os «crimes de abuso sexual ofendem Nosso Senhor, causam danos físicos, psicológicos e espirituais às vítimas e lesam a comunidade dos fiéis», e menciona a responsabilidade particular que têm os sucessores dos apóstolos em prevenir tais crimes. O documento representa um fruto ulterior do encontro sobre a proteção dos menores realizado no Vaticano em fevereiro de 2019. Estabelece novas normas para combater os abusos sexuais e garantir que bispos e superiores religiosos prestem contas de suas ações. É uma normativa universal, que se aplica a toda a Igreja Católica.

Um “guichê” para as denúncias em cada diocese

Entre as novidades previstas está a obrigatoriedade, para todas as dioceses do mundo de dotarem-se até junho de 2020 de «um ou mais sistemas estáveis e facilmente acessíveis ao público para apresentar as assinalações» a respeito dos abusos sexuais cometidos por clérigos e religiosos, o uso de material pornográfico infantil e o acobertamento dos próprios abusos. A normativa não especifica no que consistem esses «sistemas», para deixar às dioceses a escolha operativa, que poderá ser diferente de acordo com as várias culturas e condições locais. O que se quer é que as pessoas que sofreram abusos possam recorrer à Igreja local certas de que serão bem acolhidas, que serão protegidas de represálias e que suas denúncias serão tratadas com a máxima seriedade.

A obrigatoriedade de denunciar

Outra novidade diz respeito à obrigatoriedade para todos os clérigos, os religiosos e as religiosas de «assinalar prontamente» à autoridade eclesiástica todas as notícias de abusos das quais tiverem conhecimento, assim como as eventuais omissões e acobertamentos na gestão dos casos de abusos. Se até hoje esta obrigação chamava em causa, num certo sentido, somente a consciência individual, de agora em diante se torna um preceito legal estabelecido universalmente. A obrigatoriedade em si é sancionada somente para os clérigos e religiosos, mas todos os leigos também podem e são encorajados a utilizar o sistema para assinalar abusos e moléstias às autoridades eclesiásticas competentes.

Não somente abusos contra menores

O documento compreende não somente as moléstias e as violências contra os menores e os adultos vulneráveis, mas diz respeito também à violência sexual e às moléstias que derivam do abuso de autoridade. Esta obrigatoriedade inclui também qualquer caso de violência contra religiosas por parte de clérigos, assim como também o caso de moléstias a seminaristas ou noviços de maior idade.

Os “acobertamentos”

Entre os elementos de maior relevo está a identificação, como categoria específica, da chamada conduta de acobertamento, que consiste «em ações ou omissões tendentes a interferir ou contornar as investigações civis ou as investigações canónicas, administrativas ou criminais, contra um clérigo ou um religioso relativas aos delitos» de abuso sexual. Trata-se daqueles que, exercendo cargos de particular responsabilidade na Igreja, ao invés de investigar os abusos cometidos por outros, os esconderam, protegendo o suposto réu ao invés de tutelar as vítimas.

A proteção das pessoas vulneráveis

Vos estis lux mundi acentua a importância de tutelar os menores (pessoas com menos de 18 anos) e as pessoas vulneráveis. De fato, é ampliada a noção de “pessoa vulnerável” , não mais restrita somente às pessoas que não têm “o uso habitual” da razão, mas compreende também os casos ocasionais e transitórios de incapacidade de entender e querer, além das desabilidades de ordem física. Nisto, o novo Motu proprio se inspira na recente Lei vaticana (n. CCXCVII de 26 de março de 2019).

O respeito das leis dos Estados

A obrigatoriedade de assinalar ao ordinário do local ou ao superior religioso não interfere nem modifica qualquer outra obrigação de denúncia eventualmente existente nas leis dos respectivos países: as normas, de fato, «aplicam-se sem prejuízo dos direitos e obrigações estabelecidos em cada local pelas leis estatais, particularmente aquelas relativas a eventuais obrigações de assinalação às autoridades civis competentes».

Proteção a quem denuncia e às vítimas

Também são significativos os parágrafos dedicados a tutelar quem se oferece para fazer as denúncias. Quem refere notícias de abusos, segundo prevê o Motu proprio, não pode, de fato, ser submetido a «danos, retaliações ou discriminações» em decorrência daquilo que assinalou. Uma atenção também ao problema das vítimas que, no passado, foram reduzidas ao silêncio: essas normas universais preveem que «não pode ser» imposto a elas «qualquer ônus de silêncio a respeito do conteúdo » da assinalação. Obviamente, o segredo de confissão permanece absoluto e inviolável e, portanto, não é de modo algum tocado por esta normativa. Vos estis lux mundi estabelece ainda que as vítimas e suas famílias devem ser tratadas com dignidade e respeito e devem receber uma apropriada assistência espiritual, médica e psicológica.

As investigações a cargo dos bispos

O Motu proprio disciplina as investigações a cargo dos bispos, dos cardeais, dos superiores religiosos e daqueles que têm a responsabilidade, mesmo que temporariamente, de guiar uma diocese ou outra Igreja particular. Esta disciplina deverá ser observada não somente se essas pessoas forem investigadas por abusos sexuais realizados diretamente, mas também se forem denunciadas por terem «acobertado» ou não terem investigado abusos dos quais tiveram conhecimento e que cabia a elas combater.

O papel do metropolita

É significativa a novidade a respeito do envolvimento na investigação prévia do arcebispo metropolita, que recebe da Santa Sé o mandato de investigar caso a pessoa denunciada seja um bispo. O seu papel, tradicional da Igreja, fica assim reforçado e comprova a vontade de valorizar os recursos locais inclusive para questões acerca da investigação dos bispos. Aquele que for encarregado de investigar, depois de trinta dias deve transmitir à Santa Sé « um relatório informativo sobre o estado das investigações », que «devem ser concluídas no prazo de noventa dias» (são possíveis adiamentos por «fundados motivos »). Isso estabelece tempos precisos e, pela primeira vez, pede-se que os Dicastérios interessados ajam com tempestividade.

Envolvimento dos leigos

Citando o artigo do Código canônico, que destaca a preciosa contribuição dos leigos, as normas do Motu proprio prevêem que o metropolita, ao conduzir as investigações, possa contar com a ajuda de «pessoas qualificadas», segundo « as necessidades do caso e, em particular, tendo em conta a cooperação que pode ser oferecida pelos leigos ».
O Papa afirmou mais de uma vez que as especializações e as capacidades profissionais dos leigos representam um recurso importante para a Igreja. As normas preveem agora que as conferências episcopais e as dioceses possam preparar listas de pessoas qualificadas disponíveis a colaborar, mas a responsabilidade última sobre as investigações permanece confiada ao metropolita.

Presunção de inocência

Reitera-se o princípio da presunção de inocência da pessoa investigada, que será avisada da existência da própria investigação quando for solicitado pelo Dicastério competente. A acusação, de fato, deve ser notificada obrigatoriamente somente quando houver a abertura de um processo formal e, se considerada oportuna para garantir a integridade da investigação ou das provas, pode ser omitida na fase preliminar.

Conclusão da investigação

O Motu proprio não traz modificações às penas previstas para os delitos, mas estabelece o procedimento para fazer a assinalação e realizar a investigação prévia. No encerramento da investigação, o metropolita (ou em determinados casos o bispo da diocese sufragânea com maior ancianidade de nomeação) encaminha os resultados ao Dicastério vaticano competente e cessa, assim, a sua tarefa. O Dicastério competente procede então « nos termos do direito, de acordo com o previsto para o caso específico», agindo, portanto, com base nas normas canônicas já existentes. Com base nos resultados da investigação prévia, a Santa Sé pode imediatamente impor medidas preventivas e restritivas à pessoa investigada.

Empenho concreto

Com este novo instrumento jurídico desejado por Francisco, a Igreja Católica realiza um novo e incisivo passo na prevenção e combate dos abusos, que enfatiza ações concretas. Como escreve o Papa no início do documento: «Para que tais fenómenos, em todas as suas formas, não aconteçam mais, é necessária uma conversão contínua e profunda dos corações, atestada por ações concretas e eficazes que envolvam a todos na Igreja».

Vatican News

Papa Francisco se faz presente entre nós

 O fato é inusitado. Nunca se falou tanto em um Papa como se fala agora pelos corredores da Paróquia Nossa Senhora Rainha do Universo, Decanato Centro. Fala-se do Papa Francisco. Mais precisamente, das cartas enviadas aos catequizandos da paróquia. As cartas em papel timbrado são assinadas pelo assessor Monsenhor Paolo Borgia.

 

A história das cartas começou quando a Coordenadora da Catequese, Cileide Marques, ao ler uma informação que em determinada arquidiocese as crianças teriam escrito ao Papa e estavam recebendo respostas, lhe veio a ideia de também realizar essa experiência na paróquia. Conversou com as catequistas e acertaram os detalhes.

 

Cileide soube também que os Correios tinham um Projeto que dava apoio a propostas deste tipo. Entrou em contato com os Correios e alguém da Instituição veio até a Paróquia fazer os esclarecimentos sobre o tipo de apoio que eles dariam à iniciativa. Depois de uma conversa com o pároco, padre Guido Valli, também jesuíta como o Papa, tudo foi acertado.

 

Em seguida, os catequizandos foram informados da proposta pelas suas catequistas e um bom número deles aceitou participar da experiência. As catequistas também escreveram e receberam respostas.

 

Fizemos uma rápida entrevista com algumas crianças e perguntamos qual a sua reação ao receber uma carta do Papa? Uma garota respondeu: “primeiro, tomei um grande susto. Depois é que veio a emoção e a alegria”. Pedimos também que elas falassem sobre o que escreveram nas cartas endereçadas ao Papa. Uns dizem que não lembram o que escreveram, outros pontuam alguns assuntos e, pelo que eles falam, a gente observa que, em primeiro lugar, eles mandaram informações relacionadas ao cotidiano deles na Escola e na Catequese.

 

Depois, fazem algumas perguntas às vezes curiosas, como, por exemplo, para que times ele torce. Às vezes, inteligentes e factuais, como: quantos anos uma pessoa leva para ser Papa. Há quantos anos ele é Papa; houve quem perguntasse o que ele acha da Ideologia de Gênero e também o que acha da Situação do Brasil, entre outras.

 

Eles também falam o que pediram ao Papa. Teve um que, ingenuamente, pediu um celular. Outro pediu orações para fazer boas provas no colégio. Mas a grande maioria pediu orações para os familiares, principalmente os que estão doentes como é o caso do pedido de oração pela saúde de um avô que estava doente.

 

O processo de envio das cartas, em Aerogramas, iniciou-se no final de junho e as respostas começaram a chegar em agosto. De acordo com a secretária da paróquia, Silvia Cristina, já chegaram aproximadamente 40 cartas respostas e até hoje, todo dia chega uma ou duas. O certo é que estamos em setembro e as cartas respostas continuam chegando. E é por isso que ninguém perdeu a esperança. Quem ainda não recebeu resposta continua confiante.

 

As cartas respostas endereçadas aos catequizandos e catequistas, normalmente, seguem um padrão estabelecido. Iniciam-se com um agradecimento pelas correspondências enviadas por ocasião do “Dia do Papa”, 29 de junho. A partir daí, talvez, referindo-se a alguma pergunta feita nas cartas, vêm algumas considerações sobre o que significa “ser santo”, em diferentes situações. Depois, normalmente finaliza com o parágrafo abaixo:

“… Para isso, o Papa Francisco confia as necessidades e intenções do (nome do destinatário) a Nossa Senhora Aparecida e, como penhor de misericórdia e paz divinas sobre a sua pessoa e quantos que lhe são queridos, concede-lhes a Bênção Apostólica, pedindo também que não deixem de rezar por ele. Assinado: Mons. Paolo Borgia. Assessor. Nunciatura Apostólica do Brasil.”

Francisca Sousa Mota e Pinheiro
PASCOM Paróquia Nossa Senhora Rainha do Universo

 

Fotos: Arquivo pessoal

 

No domingo, 13/05, festa solene da Ascensão do Senhor a Celebração Eucarística às 10h30 na Catedral Metropolitana de Londrina foi presidida por Dom Geremias Seteinmetz e concelebrada pelo vigário da catedral e assessor da Pastoral da Comunicação (PASCOM) o Pe. Dirceu Júnior dos Reis. A Missa também celebrou o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Para o tema desse ano o Papa Francisco trouxe o evangelho de João 8, 32: “A verdade vos tronará livres” e o lema: “fake news e jornalismo da paz”. Em sua homilia, Dom Geremias, reconheceu o perigo de falsas notícias cada vez mais frequentes no mundo virtual, nas redes sociais, por exemplo. Para o arcebispos esse desafio não pode desanimar o cristão na busca, anúncio e encontro com a Verdade, Jesus Cristo. Além da comunidade da Catedral do Coração também estavam participando vários agentes da Pastoral da Comunicação.

O Arcebispo expressou sua gratidão a todos que trabalham na comunicação da verdade, de forma especial a Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Londrina.

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Fotos: Terumi Sakai/PASCOM Arquidiocesana