Missa de exéquias foi marcada por comoção e homenagens a uma das principais lideranças da Igreja Católica no Brasil

A Arquidiocese de Londrina despediu-se com emoção e homenagens, na manhã desta segunda-feira (28), de seu segundo arcebispo (1983-1991), e um dos religiosos mais respeitados da Igreja Católica, o cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, que morreu no último sábado (26), aos 89 anos. A missa de exéquias foi celebrada na Catedral e reuniu centenas de fiéis, além de dezenas de padres, arcebispos, bispos, cardeais e religiosos e religiosas.

Entre os presentes estavam dom Geremias Steinmetz, arcebispo de Londrina; cardeal dom Orani João Tempesta, arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro; cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo Metropolitano de São Paulo; cardeal dom Sérgio da Rocha, arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil; e dom Ricardo Hoeper, bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília e secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

No início da missa, padre Rafael Solano, vigário geral da Arquidiocese de Londrina e Cura da Catedral, leu a mensagem de pesar do Papa Francisco pelo falecimento de dom Geraldo e, na sequência, o testamento espiritual deixado pelo arcebispo emérito da São Salvador da Bahia, redigido em 2016, na celebração da Transfiguração do Senhor. No documento, destacou, entre outros pontos, o valor da vida humana, da importância de cuidar das crianças e dos mais necessitados e a alegria pelo trabalho que desenvolveu na Igreja.

A missa foi presidida pelo cardeal dom Sérgio da Rocha, que na homilia ressaltou a trajetória de dom Geraldo como um dos fundadores da Pastoral Criança, junto com a médica Zilda Arns (que faleceu em 2010), presidente da CNBB (2003-2007) e secretário da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, na Santa Sé, quando foi nomeado por São João Paulo II.

“Expressamos gratidão a Deus pela história de dom Geraldo, não apenas aos cargos que exerceu com zelo e amor, mas pelo modo de ser no dia a dia, pela pessoa humana e cristã que foi. Amado e conhecido pela mansidão, humildade e serenidade. Seu jeito era fraterno e atencioso com todos e de amor e solidariedade com os pobres e fragilizados”, elencou. Dom Geraldo tinha como lema episcopal “Caridade com fé”.

Dom Geraldo escolheu morar em Londrina em 2014, três anos após renunciar à Arquidiocese São Salvador da Bahia. Nos últimos anos, tinha como principal auxiliar, secretária e cuidadora Julia de Lourdes Bianconi, que leu uma mensagem de agradecimento por todos os profissionais de saúde que ajudaram no tratamento do religioso, que em dezembro do ano passado sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral), agravando seu estado de saúde. “Continuem rezando por ele”, pediu.

CORTEJO

O caixão de dom Geraldo foi carregado em cortejo pelos bispos e arcebispos até a porta da Catedral, com os fiéis fazendo um corredor com velas, representando a ressurreição, e 89 rosas brancas, idade do cardeal. Em seguida, os padres da Arquidiocese de Londrina e que vieram de outras dioceses carregaram até a cripta da Catedral, onde estão enterrados dom Geraldo Fernandes e dom Albano Cavallin, primeiro e terceiro arcebispos de Londrina, respectivamente. O corpo de dom Geraldo foi sepultado na cripta após a oração de encomendação conduzida por dom Geremias.

‘AMOROSO E SIMPLES’

Amigo de dom Geraldo, com quem trabalhou no período em que foi Cura da Catedral, monsenhor Bernardo Gaffá frisou o coração bondoso do ex-arcebispo de Londrina. “O nome dele é Agnelo, que em italiano significado cordeiro. Ele era igual um cordeiro: manso, amoroso, acolhia a todos, simples. Era muito inteligente e organizado. Ele deixa para nós boas lembranças como ser humano, bispo e pastor da Igreja”, resumiu.

Centenas de pessoas também foram até a cripta para fazer homenagens, como foi o caso da aposentada Maria Aparecida Pinho, que levou uma flor. “Admirava o trabalho dele na Igreja, principalmente na Pastoral da Criança. Era dedicado com todos, um ser humano sem igual. Ele deixa um legado para todos nós”, afirmou.

Pedro Marconi
Pascom Arquidiocesana

Fotos: Guto Honjo, Paulo Henrique Bonatti e Terumi Sakai

“Quantos que se encontraram com os sinais de Deus através do testemunho de dom Geraldo? Deus seja louvado por isso”


Seguindo as celebrações de duas em duas horas no funeral de dom Geraldo Majella Agnelo, o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) presidiu a segunda Santa Missa, em nome da presidência da CNBB. A missa foi concelebrada pelos padres do Decanato Centro da Arquidiocese de Londrina, além do monsenhor Ademar Dantas, da Arquidiocese de Salvador (BA), e do padre Leandro Oliveira, da Diocese de Barreiras (BA).


Em sua homilia, dom Ricardo falou do sinal de Deus que foi a vida de dom Geraldo para a Igreja e para o mundo. Dom Geraldo mostra que servir à Igreja não pode ser mero ato momentâneo. Mas o amor e a generosidade devem permanecer em toda nossa vida. “Desde o primeiro suspiro até o último, quando Deus nos chamar. Isso chama-se perseverança!”


Refletindo a primeira leitura, que indaga quais olhos podem contemplar a Deus, o bispo lembrou que todos querem ver a Deus um dia na vida eterna, mas, além disso, “é preciso aprender desde já, no agora da nossa vida, a interpretar os sinais de Deus no dia a dia. Ele já está se fazendo presente no meio de nós, fazendo sua obra, fazendo milagres, fazendo o Seu Reino, nós que muitas vezes estamos distraídos e não percebemos os sinais concretos.”


Dom Ricardo afirmou que dom Geraldo, com seu legado de homem que soube dizer um sim constante e perseverante, que os sinais que Deus se dão especialmente no amor ao próximo. “Na CNBB, durante 2003 e 2007, conversando com assessores de quando ele foi presidente, disseram: ‘dom Geraldo foi um homem que ouvia, um pai, disposto a compreender um problema, ajudar a discernir onde estavam as respostas. Estes são os sinais de Deus”, lembrou o bispo.


“Aquele que ouve a vontade de Deus consegue interpretá-la no dia a dia. Quem ouve a Palavra de Deus consegue transmiti-la para os mais próximos. Deus se manifesta através dos olhos, dos ouvidos, do modo de ser, agora. Quantos que se encontraram com os sinais de Deus através do testemunho de dom Geraldo? Louvado seja Deus por isso! Louvado seja o nosso Deus, que escolheu esse homem para transmitir às pessoas, um caminho, um rumo, um sentido.”


Dom Ricardo também recordou outras funções que dom Geraldo exerceu na Igreja, levando sua presença paterna também ao Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM), à Congregação para o Culto Divino, no Vaticano, e tantos outros. “Este é o sinal de Deus: fazer bem as mais pequenas e simples atividades do dia a dia, e responder com amor às mais simples e as mais complexas. Este é o testemunho de dom Geraldo”, descreveu dom Ricardo.


Em nome da CNBB e da presidência (dom Jaime Spengler, OFM, presidente; dom João Justino de Medeiros Silva, primeiro vice-presidente; e dom Paulo Jáckson Nóbrega de Sousa, segundo vice-presidente) dom Ricardo expressou os sentimentos à família e a todos que fizeram parte da vida de dom Geraldo.


O bispo também fez memória que, neste mesmo dia, lembra-se a morte de grandes nomes da Igreja do Brasil. “Estamos celebrando hoje também o dia do falecimento de dom Hélder Câmara, em 1999. Neste exato dia, o falecimento de dom Luciano Mendes de Almeida, em 2017. Grandes nomes que passaram pelo Brasil e nos mostraram que, apesar dos grandes cargos que tiveram, das grandes responsabilidade que assumiram, foram tão simples, serenos, que só podem ser sinal de Deus no nosso meio. Obrigado, dom Geraldo, pelo seu sim e pela sua generosidade”, agradeceu o bispo.


O secretário da CNBB também exortou os fiéis a seguirem os passos de dom Geraldo: “que possamos, quando Deus nos chamar, entregar o mesmo legado. Não o que fizemos, mas o sinal de Deus que fomos. Não o currículo, mas a fé que vivemos cada dia. Não nosso eu, mas quanto Deus se tornou presença viva em nós”.


Ao encerrar a missa, antes da bênção final, dom Ricardo convocou os presentes a testemunharem a alegria da ressurreição. “Querido dom Geraldo, vá em paz. Leve nosso abraço a dom Helder, a dom Luciano, a dom Geraldo Lyrio. A todos os homens e mulheres de boa vontade que já nos precederam. Que Nossa Senhora o acolha. Que a Virgem do Carmo possa levá-lo ao abraço eterno de Nosso Senhor Jesus Cristo.”


As missas em sufrágio de dom Geraldo Majella continuam na Catedral de duas em duas horas.

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Fotos: Daniel Kanki

A Arquidiocese de Londrina informa que o estado de saúde do cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de São Salvador, teve uma significativa piora nos últimos dias. Dom Geraldo está em cuidados intensivos, recebendo oxigênio, internado em sua residência pelo Serviço de Atendimento Domiciliar (DOM), com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar.

Pedimos que o Brasil reze pelo Cardeal pedindo a Deus as graças para este servo fiel da vinha do Senhor.

Em Cristo Jesus,

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo Metropolitano de Londrina

Foto: Claudio Nonaca

[dropcap]S[/dropcap]empre é bom recordar que a Pastoral da Criança nasceu na Arquidiocese de Londrina pelas ideias e mãos abençoadas de D. Paulo Evaristo Arns, cardeal Arcebispo de São Paulo,  Dona Zilda Arns, Pediatra Sanitarista,  e Dom Geraldo Majella Agnelo, então Arcebispo de Londrina. Era o ano de 1982. O convencimento destas autoridades se deu pelo fato de a Pastoral da Criança se propor a “salvar a vida de muitas crianças, que morriam de doenças de fácil prevenção, como a desidratação causada pela diarréia”.  O modelo de trabalho foi testado em Londrina.

Em uma entrevista de 2001, a própria dona Zilda explicou os primeiros passos: “Verifiquei na Secretaria de Saúde do Paraná que Florestópolis, município a 100 quilômetros de Londrina, tinha os maiores índices de mortalidade infantil no Estado: 127 óbitos por mil nascidos vivos. A cidade tinha cerca de 15 mil habitantes, a maioria das famílias era de bóias-fria, que ora trabalhavam nos canaviais, ora nas colheitas de café ou de algodão e ora não tinham serviço” (Revista ACIM, nº 403, abril de 2001). Os primeiros líderes foram treinados nas áreas da saúde da gestante, aleitamento materno, vigilância nutricional, reidratação oral e vacinação. Com base neste trabalho e com a ajuda de técnicos, foram formados e treinados cerca de 76 líderes comunitários. Foi neste caldo cultural e vivencial que nasceu esta bela experiência que já salvou milhares de vidas e se espalhou pelo Brasil, América Latina e outros continentes.

No dia 02 de setembro, pp, aconteceu a festa de 35 anos de fundação da Pastoral da Criança, em Florestópolis, terra onde nasceu. Havia várias autoridades presentes, dentre as quais a Coordenadora Nacional Irmã Veneranda, a Coordenadora Estadual dona Maria Paula, prefeitos, vereadores, padres, etc. Nas palavras que cada um foi dizendo às cerca de 400 pessoas presentes, pode se perceber os desafios que a Pastoral da Criança enfrenta hoje para poder continuar a cumprir o seu trabalho. Falou-se sobre o cuidado dos primeiros MIL dias de vida da criança; a avaliação nutricional das crianças. Antes o único parâmetro que se tinha era o peso da criança, agora, através do ESTADIÔMETRO mede-se a altura da criança e com isso passa-se informações mais seguras às mães e dentro dos padrões aprovados pela medicina. Ainda foi levada em conta a visita domiciliar, o dia da celebração da vida. Também falou-se sobre a importância e a espiritualidade do voluntariado. O que mais impressiona é a valorização do “ser mãe”, mostrando a beleza e a doçura da gravidez onde a mulher se prepara para receber uma nova vida. Com ações e atitudes que refletem o mais puro amor pela vida nascente, a Pastoral da Criança continua salvando crianças e gestantes.

A Coordenadora Diocesana me passou alguns números que repito aqui: São 3729 as crianças acompanhadas pelas líderes na Arquidiocese; 49 paróquias possuem a Pastoral da Criança entre os seus trabalhos; 14 são os municípios que possuem e ajudam a Pastoral da Criança; são 459 as líderes que atuam diretamente na base com as crianças e famílias; são 325 as pessoas que ajudam a Pastoral como apoio; 784 é o total de voluntários na Arquidiocese; mensalmente são acompanhadas 3262 famílias, em média e, por fim, em torno de 140 gestantes estão sendo acompanhadas. Parabéns  a todas as pessoas, coordenadoras, líderes e voluntários envolvidos neste grande mutirão de defesa da vida das crianças.

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo Metropolitano de Londrina

Para comemorar os 35 anos da Pastoral da Criança e os 60 anos de ordenação sacerdotal do Cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo, no dia 2 de setembro foi realizada uma celebração Eucarística na Paróquia São João Batista em Florestópolis, com a participação de membros da pastoral de diversas cidades  da Arquidiocese.  A Pastoral da Criança nasceu em Florestópolis quando dom Geraldo era arcebispo de Londrina.

Uma Santa Missa, celebrada pelo arcebispo Dom Geremias Steinmetze  e concelebrada por padres da arquidiocese, deu início ao dia festivo.
Nas intenções da celebração, foi colocada a saúde e o sacerdócio de Cardeal Majella.
O dia também contou com homenagens. Dentre elas a apresentação da canção em homenagem à Pastoral da Criança, composta pelo cantor Dedé, e apresentação musical da Banda Marcial de Florestópolis – BAMUFLOR.

Durante o dia, os integrantes da pastoral continuaram suas atividades e palestras com a coordenadora nacional Irmã Veneranda Alencar, a coordenadora estadual, Maria Paula, a coordenadora arquidiocesana,  Anete dos Santos Machado , o padre assessor, Valter Diniz, e fala de coordenadores regionais e locais. As irmãs servas da caridade, que durante muitos anos não mediram esforços para combater a mortalidade infantil, também estiveram presentes nessa festa, marcada por muita animação, aprendizado, partilha e teatros.
Autoridades de Florestópolis também estiveram presentes e, através de lei municipal, Florestópolis foi reconhecida como berço da Pastoral da Criança.

Pastoral da Criança, para que todos tenham vida em abundância!

Guilherme da Fonseca Braz
PASCOM Paroquial

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Fotografias: Danielle Yamanaka

No dia em que se celebra os apóstolos Pedro e Paulo, Cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, bispo emérito de São Salvador, Bahia, completou 60 anos de sacerdócio. Duas cerimônias marcaram as comemorações.

A primeira, na sexta-feira, 30 de junho, foi a apresentação do hino litúrgico bizantino “Akathistos, em nome da Mãe de Deus”, na Catedral Metropolitana de Londrina. A peça teve a direção geral do maestro José Mario Tomal e contou com a participação de 300 músicos e atores. Akathistos já havia sido apresentada na década de 1980, quando dom Geraldo era arcebispo de Londrina.

O segundo momento, no sábado, 1 de julho, foi a Celebração Eucarística de Ação de Graças, na Catedral Metropolitana de Londrina, presidida pelo próprio Cardeal Majella. A missa foi concelebrada, dentre outros, pelo Núncio Apostólico do Brasil, dom Giovanni D’Aniello, que fez a homilia e leu a carta enviada pelo Papa Francisco ao cardel Majella; cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo; e dom Murilo Krieger, arcebispo de São Salvador. Estiveram presentes, também, cardeais, arcebispos e bispos do Brasil inteiro, padres, diáconos, seminaristas e o Sheik Ahmad Mahairi da Mesquita Rei Faiçal de Londrina.

Juliana Mastelini
PASCOM Arquidiocesana

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Fotografias: Wanderley Tolomi

O cardeal dom Geraldo Majella Agnelo  completa 60 anos de ordenação neste 29 de junho, dia de São Pedro. Ele recebeu a equipe do JC em seu apartamento no centro de Londrina, para uma entrevista

Segundo arcebispo de Londrina e hoje arcebispo emérito de São Salvador da Bahia, o cardeal Dom Geraldo Majella Agnello está prestes a completar 60 anos de sacerdócio. Uma trajetória iniciada em 29 de junho de 1957, na arquidiocese de São Paulo. Após mais de duas décadas de trabalhos em Roma e Salvador (BA), Dom Geraldo decidiu retornar a Londrina, cidade que o acolheu com carinho em 1983, quando, à época, era o arcebispo mais jovem do País. Mineiro de Juiz de Fora, ele conta um pouco de sua história e de seus trabalhos realizados nestas seis décadas de dedicação à Igreja.

JC: Como senhor decidiu ser padre? Como começou essa história?

Dom Geraldo Majella Agnelo: Essa história vem desde a infância. Desde a infância eu dizia “vou ser padre”, eu já aspirava à dedicação ao sacerdócio.  Naquele tempo, havia um padre que era o capelão das religiosas, que tinham um colégio em Juiz de Fora (MG). Todos os dias, eu ajudava nas missas celebradas por ele.  Estava já naquele tempo me dedicando à vocação para o sacerdócio. Tão pequeno, mas já estava dedicado ao sacerdócio.  E com 12 anos eu entrei no seminário, em 1945.

JC: E quanto à sua ordenação, quais são as suas recordações?

Dom Geraldo: O cardeal Motta (arcebispo de São Paulo, na época) era verdadeiramente um pai. Ele é quem devia me ordenar, junto com mais três outros sacerdotes. Mas, naquele dia ele estava de cama. Ele pediu ao bispo auxiliar, Dom Antônio Maria Alves de Siqueira, que presidisse a ordenação. Mas, na hora da ordenação, o cardeal apareceu e ficou lá na estala dos cônegos, na catedral de São Paulo. Ele foi por minha causa, ele me queria muito bem. Ele foi para mim um verdadeiro pai. Viajei com ele muitas vezes. Tínhamos uma convivência muito boa.

JC: Quais foram seus primeiros trabalhos como sacerdote?

Dom Geraldo: Quando fui ordenado, meu primeiro trabalho foi em um seminário de vocações tardias, na Freguesia do Ó, em São Paulo. Nós éramos dois sacerdotes que trabalhávamos naquele seminário. Eu e o padre Francisco de Assis Gandolfo, já falecido há muitos anos. Íamos todos os dias celebrar a missa de lambreta. Hoje em dia, nem pensar uma coisa dessas em São Paulo. Mas naquele tempo, saíamos Gandolfo e eu, de lambreta, da Freguesia do Ó até a Paróquia Santo Antônio, na Barra Funda. Depois, fui mandado para Aparecida. Em Aparecida, tudo, naquela época, era diminuto. Eu fui, trabalhei lá, no seminário. Mais tarde, estudei Liturgia, em Roma, no Santo Anselmo. Toda semana, eu falava para a Rádio Vaticano sobre Liturgia.

JC: Como foi sua ordenação episcopal?

Dom Geraldo: Dom Paulo Evaristo Arns foi o celebrante de minha ordenação episcopal. Eu trabalhei muito com ele. Éramos muito unidos. Fui ordenado quando morria Paulo VI, em 6 de agosto de 1978.  Por Paulo VI, eu tenho muita admiração. Eu o conheci quando estudei em Roma. Admirava seu modo de ser, um grande papa. Uma benção de Deus.

JC: O senhor foi bispo de Toledo, arcebispo de Londrina e, mais tarde, arcebispo de Salvador. Como foram as experiências?

Dom Geraldo: Eu fui nomeado para Toledo em 1978. Fui o segundo bispo, sucedendo Dom Armando Cirio. Interessante que naquele tempo tínhamos um encontro toda semana, eu e Dom Armando. Uma coisa muito fraterna, mesmo. Ele, bispo de Cascavel, à época. Isso foi muito marcante para mim. Dele guardei uma lembrança muito carinhosa. Em Toledo, fiquei quatro anos. De Toledo, vim para cá. Então… Londrina não era um lugar pequenininho (risos). Aqui já era uma grande cidade. Foi muito interessante a diferença em relação a Toledo. Mas como em todas as minhas nomeações, nunca discuti ou perguntei, simplesmente fui. E aqui encontrei um povo que me acolhe muito bem. Em Salvador, fui muito bem recebido. Claro que lá tem todas as suas tradições… mas eu não brigava com ninguém. Com muita gente distante da Igreja, conseguia chegar e conversar.

JC: Qual foi sua participação no surgimento da Pastoral da Criança, que nasceu em 1983, aqui em nossa arquidiocese?

Dom Geraldo: Zilda Arns, médica, irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, assumiu comigo o trabalho. Montamos juntos todo o projeto. A proposta foi assumida com muito carinho em cada lugar onde foi apresentada. Depois, foi se espalhando pelo Brasil inteiro. Eu tive a oportunidade de acompanhar, indo aos mais distantes lugares do País, para visitar, para conversar com os bispos. Realmente, foi uma benção de Deus essa Pastoral da Criança. Fui colocado nesse trabalho por indicação de Dom Paulo, representando depois a pastoral diante do episcopado, na CNBB.

JC: Entre 1991 e 1999, o senhor trabalhou no Vaticano. Como foi trabalhar com São João Paulo II?

Dom Geraldo: Eu fui secretário da Congregação para o Culto Divino e disciplina dos sacramentos. Essa convivência em Roma é muito marcante. O Vaticano é interessante, tem várias congregações… A gente toma consciência de como a Igreja está pensando todas as questões. Eu tinha contato com muitos bispos. Afinal, todos os bispos do mundo vão a Roma a cada cinco anos, para apresentar o que tem sido feito em suas dioceses. Eles vinham visitar a Congregação. Tínhamos contato com o mundo inteiro. Quanto a São João Paulo II, eu estive muito próximo dele. Semanalmente, eu me encontrava com o Papa. Ele gostava de se encontrar com os bispos das congregações. Ele nos recebia para almoços, nos quais discutíamos temas. Dele sempre recebi apoio. Ele era uma pessoa extraordinária.

Pe. Evandro Delfino
PASCOM Arquidiocesana

Fotos (arquivo pessoal):

Convite: Jubileu de Brilhante Sacerdotal

A Arquidiocese de Londrina convida todos os padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas e toda a comunidade em geral para a as festividades de 60 anos de ministério sacerdotal do Cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo. As festividades serão realizadas na Catedral Metropolitana de Londrina.

No dia 30 de Junho (sexta feira) às 19h30 com Hino Litúrgico Bizantino a Santa Mãe de Deus e no dia 01 de Julho (sábado) com Celebração Eucarística às 19h00.

Vamos juntos agradecer ao Sagrado Coração de Jesus a vida e o ministério do nosso querido Cardeal Dom Geraldo. Todas as pessoas, famílias, instituições e juventude de Londrina e região estão convidadas para essas solenidades de Ação de Graças.

 

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