De 4 a 6 de março de 2022, o Centro de Formação Famílias Novas do Centro Médico Padre Pio, mantido pela Rede de Desenvolvimento Social da Fundação João Paulo II/Canção Nova, realizará o 2º Seminário Sexualidade e Família. O evento acontecerá no Auditório São Paulo, localizado na sede da Comunidade Canção Nova em Cachoeira Paulista (SP).

 

Com o tema “A Intimidade na vida conjugal, nas relações fraternas e na amizade”, e subtema: “Não te conheço o suficiente”, o encontro contará com a participação de padre Donizete Heleno; padre Rafael Solano; padre Reinaldo Cazumbá; Fabiana Azambuja; Marcela Martins; Márcia Mayumi e dos casais Deividson Francisco e Catarina Jatobá; Marcos Leal e Renata Leal.

 

A pandemia obrigou todas as pessoas a se manterem distantes umas das outras, evitando assim a aproximação. Para mudar esse cenário de distanciamento, o aprofundamento tem como objetivo formar a consciência da intimidade.

 

As palestras do encontro terão como referência as catequeses de São João Paulo II sobre o amor humano e os cinco anos da Exortação Amoris Laetitia do Papa Francisco. Há cinco anos da exortação pós-sinodal Amoris Laetitia, percebemos a necessidade de mantermos um trabalho de formação e preparação das pessoas, e a respeito da entrega e relacionalidade dentro da intimidade.

 

O Seminário contará com o lançamento do Livro, pela Editora Canção Nova, do volume 3 da série “Senhor não tenho ninguém”, que terá como subtítulo “Nem seu nome sabia”, do autor Padre Rafael Solano.

 

O livro é inspirado no texto do capítulo 5 do Evangelho de São João, versículos 1 a 11. A reação do doente de Betesda é muito estranha, pois tendo recebido a cura da parte de Jesus, nem Seu nome sabia quando os judeus o interrogavam. Trata-se do drama da grande ausência de intimidade nos relacionamentos atuais; falta de intimidade esta acentuada na vida conjugal, nas relações fraternas e na amizade.

 

COMO PARTICIPAR?

Para participar é necessário fazer a inscrição (AQUI) com antecedência, pois o evento será em local fechado com número limitado de pessoas. 

 

Sobre Centro de Formação Famílias Novas

O Centro de Formação Famílias Novas é um dos serviços de saúde oferecidos no Centro Médico Padre Pio que tem como propósito reeducar as pessoas, em uma redescoberta do valor e do significado da própria sexualidade. 

É a partir de uma visão integral, considerando a saúde não apenas como ausência de enfermidades, mas sendo “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”, que o Centro de Formação tem desenvolvido um trabalho de excelência. Muito mais do que um serviço em prol da saúde, ele tem proporcionado um encontro da pessoa com ela mesma, e consequentemente com a saúde que ela comporta. 

O Centro de Formação tem como propósito oferecer Escolas de Amor, para que as pessoas possam ser educadas a partir da sexualidade. Para isso, oferece serviço de atendimento para pessoas que querem reconhecer a sua fertilidade, espaçar uma gravidez, alcançar uma gravidez e monitorar a saúde reprodutiva. Oferece ainda cursos de formação, programas para gestantes,  consultoria de amamentação e orientação familiar e Seminário de formação com temas pertinentes ao seu trabalho.

Centro de Formação Famílias Novas

 


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No dia 14 de junho comemora-se o dia Universal de Deus, uma data para celebrar a fé nas diferenças crenças. A paz entre as nações depende da paz entre as religiões que depende do diálogo entre elas, mas tudo isso depende do acolhimento sadio das diferenças, sem anulá-las. Jesus acolheu as diferenças da samaritana, do centurião romano (cf. Mt 8, 5-13) e de tantos outros. É certo que a história do cristianismo produziu conflitos religiosos sangrentos; um erro que ensinou que discordar das diferenças não é produzir discórdia, mas promover diálogo. A tolerância religiosa se traduz no respeito às diferenças, é uma necessidade humana.

 

O poeta inglês John Donne diz que ninguém é uma ilha. O ser humano tende para a união e para a verdade. A união requer relações humanas maduras, mas o individualismo golpeia as relações humanas e tolhe o respeito. Por outro lado, tolerar não significa aceitar tudo, isso seria relativismo. A preocupação sobre o limite do que pode ser tolerado se faz presente nas relações humanas sadias, promovidas pelo diálogo, e não dos discursos vazios e sem fundamento.

 

Na tolerância religiosa é preciso refletir. O respeito passivo se refere a conviver com o diferente apenas por não poder evitar tal convívio: na família, no trabalho ou na escola. Essa convivência “imposta” abafa o diálogo sobre a religião para evitar conflitos, mas gera relações imaturas, pois tema é ocultado. O respeito ativo, ao contrário, trata da convivência baseada no acolhimento e no diálogo sobre as diferenças usufruindo das riquezas que a diversidade de pensamento proporciona. O apóstolo Pedro mostrou respeito ativo quando dialogou com o oficial romano Cornélio e viu nele uma profunda piedade (cf. At 10, 28-29).

 

A maioria das famílias reúne diferentes tipos de fé entre seus membros, sendo indispensável promover o respeito, sem ignorar ou menosprezar as diferenças. O respeito ativo promove relações sadias, frutos de atitudes maduras e de amor diante das diferenças do outro. O apóstolo Paulo lembra que o amor é tolerante (1Cor 13, 4), assim o respeito ativo às diferenças mostra caridade, um ensinamento do Evangelho. A opção religiosa diferente não gera discórdia, mas o diálogo e traz riquezas a serem apreciadas por todos.

 

Tolerância na comunidade

O artigo 5° da Constituição Federal brasileira, que trata dos Direitos e das Garantias Fundamentais à crença religiosa, no termo VI, diz que a liberdade de crença é inviolável. O termo VIII prescreve que ninguém seja privado de seus direitos por motivo de crença religiosa em todas as esferas, inclusive no trabalho. Em 2017, numa reunião com empresários, o Papa Francisco destacou que toda empresa existe para servir o ser humano, não para excluí-lo ou discriminá-lo. Acolher, respeitar e preservar o espaço de crença do outro é fundamental.

 

Na escola também convergem diferentes universos culturais. Ofensas a credos e crianças isoladas por colegas ou professores em razão de sua fé são um problema grave que parece invisível para a sociedade. A escola deve suscitar cidadãos respeitosos, capazes de conviver com o diferente, sem ameaças e sem promover discórdia. O professor tem sua própria opção religiosa, mas seu papel não é impor sua crença, e sim auxiliar os estudantes sobre a convivência madura com os colegas. Os professores não podem resolver todos os problemas e nem dar todas as respostas aos estudantes, mas precisam abrir um diálogo respeitoso sobre esse tema para que todos compreenderem melhor as riquezas que vêm das diferenças religiosas.

 

O assunto religião é de interesse de toda a comunidade e está presente nas famílias, na escola, no trabalho e na sociedade em geral. Por isso, o desrespeito religioso pode nutrir uma cadeia de conflitos e tirar a paz de todos. O conceito de Deus não se refere à guerra, mas sim à paz. O ser humano deve buscar a maturidade nas relações, então pode coexistir com um diálogo respeitoso e ativo aberto entre as religiões. O caminho da tolerância é acolher as diferenças e promover relações saudáveis, preservando vidas.

Padre Gelson Luiz Mikuszka
Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Decanato Leste)
Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (1996), mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2011) e doutor em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (2016). É professor do curso de Teologia da PUCPR Câmpus Londrina. Atua na área de teologia pastoral.

 

Crédito da imagem: Jcomp