O episcopado brasileiro, reunido em sua 57ª Assembleia Geral, de 1º a 10 de maio, em Aparecida (SP), emitiu hoje a “Mensagem da CNBB ao povo brasileiro”. No documento, os bispos alertam que a opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres.

O documento chama a atenção para os graves problemas vividos pela população do país, como o crescente desemprego, “outra chaga social, ao ultrapassar o patamar de 13 milhões de brasileiros, somados aos 28 milhões de subutilizados, segundo dados do IBGE, mostra que as medidas tomadas para combatê-lo, até agora, foram ineficazes. Além disto, é necessário preservar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”.

A violência, conforme aponta a mensagem, atinge níveis insuportáveis. “Aos nossos ouvidos de pastores chega o choro das mães que enterram seus filhos jovens assassinados, das famílias que perdem seus entes queridos e de todas as vítimas de um sistema que instrumentaliza e desumaniza as pessoas, dominadas pela indiferença. O feminicídio, o submundo das prisões e a criminalização daqueles que defendem os direitos humanos reclamam vigorosas ações em favor da vida e da dignidade humana”, diz o texto.

Segundo o documento, “o verdadeiro discípulo de Jesus terá sempre no amor, no diálogo e na reconciliação a via eficaz para responder à violência e à falta de segurança, inspirado no mandamento “Não matarás” e não em projetos que flexibilizem a posse e o porte de armas”.

Sobre as necessárias reformas política, tributária e da previdência, os bispos afirmam, na mensagem, que elas só se legitimam se feitas em vista do bem comum e com participação popular de forma a atender, em primeiro lugar, os pobres. “O Brasil que queremos emergirá do comprometimento de todos os brasileiros com os valores que têm o Evangelho como fonte da vida, da justiça e do amor”, afirma o texto.

 

Veja, abaixo, a mensagem na íntegra:

 

                                                             MENSAGEM DA CNBB AO POVO BRASILEIRO

“Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5)

Suplicando a assistência do Espírito Santo, na comunhão e na unidade, nós, Bispos do Brasil, reunidos na 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, no Santuário Nacional, em Aparecida-SP, de 1 a 10 de maio de 2019, dirigimos nossa mensagem ao povo brasileiro, tomados pela ternura de pastores que amam e cuidam do rebanho. Desejamos que as alegrias pascais, vividas tão intensamente neste tempo, renovem, no coração e na mente de todos, a fé em Jesus Cristo Crucificado-Ressuscitado, razão de nossa esperança e certeza de nossa vitória sobre tudo que nos aflige.

“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20)

Enche-nos de esperançosa alegria constatar o esforço de nossas comunidades e inúmeras pessoas de boa vontade em testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo, comprometidas com a vivência do amor, a prática da justiça e o serviço aos que mais necessitam. São incontáveis os sinais do Reino de Deus entre nós a partir da ação solidária e fraterna, muitas vezes anônima, dos que consomem sua vida na transformação da sociedade e na construção da civilização do amor. Por essa razão, a esperança e a alegria, frutos da ressurreição de Cristo, hão de ser a identidade de todos os cristãos. Afinal, quando deixamos que o Senhor nos tire de nossa comodidade e mude a nossa vida, podemos cumprir o que ordena São Paulo: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!’ (Fl 4,4) (cf. Papa Francisco, Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, 122).

“No mundo tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Longe de nos alienar, a alegria e a esperança pascais abrem nossos olhos para enxergarmos, com o olhar do Ressuscitado, os sinais de morte que ameaçam os filhos e filhas de Deus, especialmente, os mais vulneráveis. Estas situações são um apelo a que não nos conformemos com este mundo, mas o transformemos (cf. Rm 12,2), empenhando nossas forças na superação do que se opõe ao Reino de justiça e de paz inaugurado por Jesus.

A crise ética, política, econômica e cultural tem se aprofundado cada vez mais no Brasil. A opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres, conforme já lembrava o Papa João Paulo II na Conferência de Puebla (1979). Nesse contexto e inspirados na Campanha da Fraternidade deste ano, urge reafirmar a necessidade de políticas públicas que assegurem a participação, a cidadania e o bem comum. Cuidado especial merece a educação, gravemente ameaçada com corte de verbas, retirada de disciplinas necessárias à formação humana e desconsideração da importância das pesquisas.

A corrupção, classificada pelo Papa Francisco como um “câncer social” profundamente radicada em inúmeras estruturas do país, é uma das causas da pobreza e da exclusão social na medida em que desvia recursos que poderiam se destinar ao investimento na educação, na saúde e na assistência social, caminho de superação da atual crise. A eficácia do combate à corrupção passa também por uma mudança de mentalidade que leve a pessoa compreender que seu valor não está no ter, mas no ser e que sua vida se mede não por sua capacidade de consumir, mas de partilhar.

O crescente desemprego, outra chaga social, ao ultrapassar o patamar de 13 milhões de brasileiros, somados aos 28 milhões de subutilizados, segundo dados do IBGE, mostra que as medidas tomadas para combatê-lo, até agora, foram ineficazes. Além disto, é necessário preservar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. O desenvolvimento que se busca tem, no trabalho digno, um caminho seguro desde que se respeite a primazia da pessoa sobre o mercado e do trabalho sobre o capital, como ensina a Doutrina Social da Igreja. Assim, “a dignidade de cada pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica, mas às vezes parecem somente apêndices adicionados de fora para completar um discurso político sem perspectivas nem programas de verdadeiro desenvolvimento integral” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 203).

A violência também atinge níveis insuportáveis. Aos nossos ouvidos de pastores chega o choro das mães que enterram seus filhos jovens assassinados, das famílias que perdem seus entes queridos e de todas as vítimas de um sistema que instrumentaliza e desumaniza as pessoas, dominadas pela indiferença. O feminicídio, o submundo das prisões e a criminalização daqueles que defendem os direitos humanos reclamam vigorosas ações em favor da vida e da dignidade humana. O verdadeiro discípulo de Jesus terá sempre no amor, no diálogo e na reconciliação a via eficaz para responder à violência e à falta de segurança, inspirado no mandamento “Não matarás” e não em projetos que flexibilizem a posse e o porte de armas.

Precisamos ser uma nação de irmãos e irmãs, eliminando qualquer tipo de discriminação, preconceito e ódio. Somos responsáveis uns pelos outros. Assim, quando os povos originários não são respeitados em seus direitos e costumes, neles o Cristo é desrespeitado: “Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes mais pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt 25,45). É grave a ameaça aos direitos dos povos indígenas assegurados na Constituição de 1988. O poder político e econômico não pode se sobrepor a esses direitos sob o risco de violação da Constituição.

A mercantilização das terras indígenas e quilombolas nasce do desejo desenfreado de quem ambiciona acumular riquezas. Nesse contexto, tanto as atividades mineradoras e madeireiras quanto o agronegócio precisam rever seus conceitos de progresso, crescimento e desenvolvimento. Uma economia que coloca o lucro acima da pessoa, que produz exclusão e desigualdade social, é uma economia que mata, como nos alerta o Papa Francisco (EG 53). São emblemático exemplo disso os crimes ocorridos em Mariana e Brumadinho com o rompimento das barragens de rejeitos de minérios.

As necessárias reformas política, tributária e da previdência só se legitimam se feitas em vista do bem comum e com participação popular de forma a atender, em primeiro lugar, os pobres, “juízes da vida democrática de uma nação” (Exigências éticas da ordem democrática, CNBB – n. 72). Nenhuma reforma será eticamente aceitável se lesar os mais pobres. Daí a importância de se constituírem em autênticas sentinelas do povo as Igrejas, os movimentos sociais, as organizações populares e demais instituições e grupos comprometidos com a defesa dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito. Instâncias que possibilitam o exercício da democracia participativa como os Conselhos paritários devem ser incentivadas e valorizadas e não extintas como estabelece o decreto 9.759/2019.

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça” (Mt 6,33)

O Brasil que queremos emergirá do comprometimento de todos os brasileiros com os valores que têm o Evangelho como fonte da vida, da justiça e do amor. Queremos uma sociedade cujo desenvolvimento promova a democracia, preze conjuntamente a liberdade e a igualdade, respeite as diferenças, incentive a participação dos jovens, valorize os idosos, ame e sirva os pobres e excluídos, acolha os migrantes, promova e defenda a vida em todas as suas formas e expressões, incluído o respeito à natureza, na perspectiva de uma ecologia humana e integral.

As novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que aprovamos nesta 57ª Assembleia da CNBB, e o Sínodo para a Pan-Amazônia, a se realizar em Roma, em outubro deste ano, ajudem no compromisso que todos temos com a construção de uma sociedade desenvolvida, justa e fraterna. Lembramos que “o desenvolvimento tem necessidade de cristãos com os braços levantados para Deus em atitude de oração, cristãos movidos pela consciência de que o amor cheio de verdade – caritas in veritate -, do qual procede o desenvolvimento autêntico, não o produzimos nós, mas nos é dado” (Bento XVI, Caritas in veritate, 79). O caminho é longo e exigente, contudo, não nos esqueçamos de que “Deus nos dá a força de lutar e sofrer por amor do bem comum, porque Ele é o nosso Tudo, a nossa esperança maior” (Bento XVI, Caritas in veritate, 78).

A Virgem Maria, mãe do Ressuscitado, nos alcance a perseverança no caminho do amor, da justiça e da paz.

Aparecida-SP,  7 de maio de 2019.

No começo desta semana, segunda e terça-feira (6 e 7 de maio), durante a 57ª Assembleia Geral, os bispos do Brasil elegeram a nova presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para o próximo quadriênio (2019-2023). Dom Walmor Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte, é o novo presidente; dom Jaime Spengler, de Porto Alegre, é o primeiro vice-presidente; dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima, o segundo vice-presidente; e dom Joel Portella, bispo auxiliar do Rio de Janeiro, o novo secretário-geral da CNBB.

 

Segundo o arcebispo de Londrina, dom Geremias Steinmetz, são quatro pessoas preparadas para conduzir os caminhos da entidade. “Os currículos dos quatro são muito bons, e eu particularmente tenho muita esperança porque acho que a CNBB mais uma vez demonstrou capacidade de diálogo com a sociedade trazendo para frente da CNBB pessoas muito ligadas à questão da universidade, pessoas ligadas a questões sociais prementes”, pontuou dom Geremias.

 

Dom Mário, o segundo vice-presidente, por exemplo, é ligado às questões das migrações, fundamentais para se entender a situação do Brasil hoje, segundo o arcebispo. “Ao mesmo tempo em que dom Jaime é uma pessoa muito presente nas discussões com relação ao clero, com relação ao diaconato permanente, com relação aos religiosos, à formação. São áreas que hoje poderemos aproveitar.”

 

Dom Geremias aponta também que o novo secretário-geral, dom Joel, é um grande estudioso da evangelização na cultura urbana. “Ele sempre foi padre no Rio de Janeiro, é doutorado, tem formação bem profunda, tem muito contato com a PUC Rio, tem muito contato com o Rio de Janeiro, onde a gente encontra todas as questões que a urbanidade pode nos apresentar”, destaca.

 

“Não temos só quatro nomes muito bons, mas temos quatro histórias de evangelização no Brasil. Quatro pessoas que dedicaram sua vida à evangelização desde meninos e hoje estão com certeza preparados para conduzir os destinos da CNBB”, conclui o arcebispo.

Pascom Arquidiocesana e Jorge Teles

 

Foto: CNBB

 

 

Nesta segunda-feira, 6 de maio, tem início o processo eleitoral que escolherá os bispos que estarão à frente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pelo próximo quadriênio (2019-2023). O episcopado brasileiro, através de voto secreto, elegerá presidente, vice-presidente, segundo vice-presidente, secretário-geral, presidentes das Comissões Episcopais Pastorais  e seus representantes junto ao Conselho Episcopal Latino-americano (Celam).

Foram instaladas 17 urnas eletrônicas no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, local onde é realizada a 57ª Assembleia Geral da CNBB. Os equipamentos foram testados por todos os bispos no último sábado, 4. A urnas, com um sistema desenvolvido pelo Departamento de Tecnologia da Informação da CNBB, foram idealizadas para rodar em plataforma web, conectada a um servidor de banco de dados.

Detalhe de cabine de votação eletrônica | Foto: CNBB/Daniel Flores

Durante as votações, que podem acontecer até a próxima quinta-feira, 9, cada urna terá como responsável um presidente e um secretário, para garantir o sigilo e a privacidade dos eleitores, durante o processo. Após cada escrutínio, o sistema de gerenciamento das urnas se encarregará da apuração dos votos. Será emitido um relatório com o nome dos candidatos votados, por ordem decrescente, indicando se o candidato mais votado atingiu o percentual de votos exigido para aquele escrutínio.

 

O processo de votação – Para votar, cada bispo deverá se dirigir até o secretário da seção eleitoral. Assinada a lista de votação, o eleitor deverá entregar ao presidente sua carteira de identificação episcopal para validação e liberação da urna de votação. A carteira será posicionada sobre um leitor de cartão por rádio frequência, para que seja feita a leitura digital da matrícula.

Após a liberação da urna, será disponibilizada na tela uma cédula de votação contendo o cargo para qual está votando, o número do escrutínio e a informação: ‘Digite o número de matrícula do seu candidato’. Com a digitação do número de matrícula, aparecerá automaticamente a foto, o nome e a vinculação correspondente ao candidato escolhido. No mesmo instante, o sistema solicitará a confirmação do voto, apertando a tecla ‘SIM’. Caso o bispo aperte a tecla ‘NÃO’, o sistema voltará ao ponto inicial da votação, aguardando a digitação do número correto. Os votos de abstenção e nulos também serão computados, a fim de se calcular o número de votantes.

Para facilitar o processo, cada bispo recebeu um manual de instrução para uso do sistema de votação, com o número de matrícula de todos os candidatos e eleitores. Todos os membros da CNBB podem ser votados, mas apenas os bispos presentes na Assembleia Geral têm direito ao voto. Os bispos eméritos presentes na Assembleia Geral podem ser consultados, mas não têm direito ao voto.

 

Apuração dos votos – Com o término de cada escrutínio, será emitido um relatório com o nome de todos os candidatos votados com indicação se o mais votado alcançou o percentual necessário. Também serão emitidos relatórios individuais por urna, indicando somente o nome do eleitor, para auxiliar na análise quantitativa dos votos.
Será eleita uma comissão que acompanhará o processo de votação e apuração dos escrutínios. Com a aprovação por parte da Comissão, o resultado de cada escrutínio será apresentado à Presidência da CNBB. Se o mais votado atingir o percentual necessário, ele deverá manifestar publicamente sua aceitação para a finalidade a qual acaba de ser eleito. Caso o mais votado não tenha alcançado o percentual necessário ou, tendo atingido, apresente motivos para não aceitar a função para a qual foi eleito, será solicitado um novo escrutínio.

Será votada uma função por vez, podendo apenas ser votado outro cargo após o anúncio do eleito no escrutínio anterior.

 

Posse da nova presidência – A atual presidência permanece em suas funções até o término da 57ª Assembleia Geral, onde serão empossados os bispos eleitos para a nova presidência da CNBB, assim como os presidentes das Comissões Episcopais. A cerimônia de posse acontece na manhã da próxima sexta-feira, 10 de maio.

Por Franklin Machado – CNBB

Neste terceiro dia da 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o tema juventude foi um dos destaques. O presidente da Comissão Episcopal para Juventude, dom Vilson Basso, bispo de Imperatriz (MA) apresentou aos bispo uma síntese a partir de duas grandes fontes: o texto publicado pela CNBB do que foi aprovado pelos bispos no sínodo, e a  exortação pós-sinodal do Papa Francisco.

“Essa exortação é a visão do Papa sobre o sínodo, o que ele percebe como pastor universal, sobre as questões que precisam ser enfrentadas no trabalho com a juvenutde. A Christus Vivit, exortação apostólica pós-sinodal em que ele proclama com muita força que seguir Jesus não é simplesmente seguir uma grande ideia, mas seguir alguém vivo que está entre nós, por isso a expressão Cristo Vive”, explica dom Geremias.

O arcebispo também destaca que o jovem de hoje precisa de uma presença cada vez mais forte,de testemunhos fortes, e também precisa fortalecer a sua fé internamente através de tantas questões, da Palavra, da liturgia, da caridade.

“Um detalhe muito importante que eu gostaria de dizer que a Igreja a partir desses acontecimentos trata o jovem verdadeiramente como um lugar teológico, quer dizer, a pergunta deve ser feita da seguinte forma: o que Deus está querendo dizer à Igreja a partir e com esse jeito de ser da juventude hoje? com essas novas questões? com esses novos sentimentos? com esse jeito de experimentar e sentir a realidade?”, completa o arcebispo.

 

Entrevista: Jorge Teles

Foto: Matheus Andrade/Santuário Nacional

Neste terceiro dia da 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) as discussões sobre as novas diretrizes da ação evangelizadora do Brasil estão caminhando para finalização e aprovação, é o que explica o arcebispo dom Geremias Steinmetz. “O trabalho das diretrizes é o trabalho mais importante deste momento da assembleia. Já é um texto que vem sendo trabalhado desde outubro, novembro do ano passado com indas e vindas da comissão para os bispos e dos bispos para a comissão. De modos que o texto chegou aqui na assembleia já bastante maduro, já bastante trabalhado.”

Durante estes dias, os bispos puderam mais uma vez fazer emendas e apontar sugestões ao texto, que hoje à tarde está sendo reavaliado. “Agora à tarde ainda provavelmente iniciaremos o processo de votação para que assim amanhã provavelmente o trabalho seja votado de maneira global e a aprovação do documento já será feita.”

 

Liturgia

Todos os anos a assembleia apresenta aos bispos alguma orientação a respeito da liturgia. Neste ano, o tema foi caridade e liturgia. “Então refletimos como os textos litúrgicos manifestam a quinta urgência da ação evangelizadora no Brasil, que é justamente a Igreja a serviço da vida plena para todos.”

O presidente da Comissão Episcopal para Liturgia, dom Armando Bucciol fez uma síntese apresentando o centro da questão que é a ideia de que a fé sem obras é morta. “Nós manifestamos a nossa fé no Deus uno e trino, nossa fé na ressurreição de Nossos Senhor Jesus, mas ela só é completa quando nós vivemos, nos alegramos com a liturgia, mas ao mesmo tempo essa alegria vai para o próximo, para aquele que precisa, para o pobre, que está na periferia existencial, para aquele que necessita da ajuda dos cristãos. Há sempre um verdadeiro diálogo que deve acontecer entre a fé, a vida, e a caridade”, completa dom Geremias.

 

Colaborou: Jorge Teles

Foto: Daniel Flores – CNBB

A 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abordou na manhã de quinta-feira, 2 de maio, a missão das Comissões Episcopais Pastorais da conferência. Este é um dos vários temas da pauta do segundo dia do encontro anual dos bispos, em Aparecida (SP).

As 12 Comissões Episcopais Pastorais da CNBB, de acordo com o estatuto da entidade, promovem a Pastoral Orgânica nacional com suas dimensões globais e setores especializados. Elas respondem pelo estudo, proposta e animação dos programas e projetos do seu âmbito de atribuições, em sintonia com as demais Comissões, para garantia da unidade da Pastoral Orgânica.

 

Saiba mais sobre a atual missão de cada comissão episcopal pastoral da CNBB:

 

1. Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada

A Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada (CMOVC) tem como tarefa despertar, discernir, cultivar, animar, promover e acompanhar as Vocações e os Ministérios Ordenados da Igreja no Brasil.

Sua missão é oferecer aos batizados condições para a vivência da sua vocação específica através da Pastoral Vocacional (PV) e do Serviço de Animação Vocacional (SAV), bem como acompanhar a formação para o Ministério Ordenado, por meio da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB). À Comissão incumbe ainda acompanhar a vida e o ministério dos diáconos permanentes (CND), dos presbíteros (CNP) e dos bispos, sobretudo dos novos bispos. Além disso, estabelece diálogo de comunhão e parceria com a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e a Conferência Nacional dos Institutos Seculares (CNIS).

Todas as atividades e os projetos, embora de responsabilidade direta de cada organismo, têm a participação da Comissão, que os reconhece, apoia, assessora, e lhes dá suporte e legitimidade eclesial.

Para articular melhor estas forças vivas, a Comissão elegeu como eixo condutor: “A partir de Jesus Cristo, Verbo Encarnado, à luz das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), comprometemo-nos a ser uma Igreja servidora, que nos chama a estar com Ele, formando e enviando em missão”.

 

2. Laicato

A Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato é um serviço à CNBB nos Regionais, que busca acompanhar, assessorar e promover a identidade, vocação, espiritualidade e missão dos cristãos leigos e leigas na Igreja e no mundo.

Acompanha, junto à Comissão Nacional Ampliada das CEBs, a organização e realização de reuniões, encontros, seminários e dos Intereclesiais das CEBs. Também é tarefa permanente da Comissão estimular, acompanhar e fortalecer o processo de articulação e organização do laicato, através do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), nos diferentes âmbitos. A Comissão apoia e estimula as iniciativas de formação, espiritualidade e acompanhamento no campo social e político, especialmente através do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP).

Visando a promoção da pastoral orgânica de conjunto no Brasil, sinal da unidade, comunhão e solidariedade eclesiais, a Comissão procura favorecer a integração dos  Movimentos, Serviços Eclesiais, Associações Laicais Nascidas dos Carismas das Congregações e Ordens Religiosas e das Novas Comunidades.

 

3. Ação Missionária e Cooperação Intereclesial

A Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial tem como incumbência favorecer e acompanhar a animação, formação, articulação, informação e cooperação missionária da Igreja no Brasil, nos seguintes âmbitos:

1. Animação missionária: presidir e coordenar o Conselho Missionário Nacional (COMINA); contribuir na assessoria nos Regionais, sobretudo por meio da articulação dos Conselhos Missionários Regionais e Diocesanos (COMIREs e COMIDIs); promover a espiritualidade e formação missionária em colaboração com os organismos missionários.

2. Missão Continental: acompanhar e animar as iniciativas nas Igrejas Particulares em vista da conversão pastoral para “colocar a Igreja em estado permanente de missão”; apoiar iniciativas missionárias e organização de missões populares; fomentar a formação missionária para coordenadores de pastoral, formadores de seminaristas e outros segmentos da vida eclesial.

3. Cooperação Intereclesial: acompanhar os projetos de solidariedade missionária ad gentes assumidos pela CNBB; contribuir na articulação do Projeto Igrejas Irmãs; apoiar a formação de missionários além-fronteiras; atuar na articulação de organismos e pastorais de cooperação missionária, como a Pastoral dos Brasileiros no Exterior (PBE).

A Comissão coordena e articula a animação e cooperação missionária no Brasil através do COMINA.

Realiza suas ações em comunhão com as demais Comissões Pastorais da CNBB, as Pontifícias Obras Missionárias (POM), o Centro Cultural Missionário (CCM) e outros organismos missionários atuantes no Brasil.

 

4. Animação Bíblico-Catequética

A Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética está a serviço da Igreja do Brasil para operacionalizar as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) na ótica bíblico-catequética. Através dos Bispos Referenciais, das Coordenações dos Regionais, do Grupo de Refl exão (GREBICAT), da Catequese Junto à Pessoa com Deficiência e Catequese Indígena:

a) impulsiona a Animação Bíblica de toda a Pastoral;

b) estimula a implantação da Iniciação à Vida Cristã, com inspiração catecumenal, uma catequese mistagógica baseada no RICA;

c) promove iniciativas de formação, especialmente as Escolas Bíblico-Catequéticas;

d) elabora subsídios para a formação;

e) faz da animação bíblico-catequética uma ação transformadora focada no cuidado de toda a vida.

 

5. Doutrina da Fé

A Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé (CEPDF), composta por 5 bispos, Assessora a CNBB e o episcopado do Brasil em questões doutrinais e teológicas.

Grande parte de seu trabalho é a leitura prévia das publicações feitas pela Edições CNBB ou em nome de alguma das Comissões da Conferência. Suas atribuições estatutárias são: promover a fidelidade à doutrina da Igreja, a integridade na sua transmissão, a inteligência da fé, o seu testemunho ante os desafios atuais e, sobretudo, assistir a CNBB no exercício do magistério doutrinal.

A CEPDF conta com a colaboração do Grupo Interdisciplinar de Peritos (GIP). Composto por 13 peritos nas várias áreas e disciplinas da teologia entre elas: Bíblia, Moral, Liturgia e Dogmática. Esse grupo se reúne ordinariamente uma vez ao ano e seus membros podem ser consultados a respeito de temas específicos que sejam submetidos à Comissão.

6. Liturgia

A ação evangelizadora da Igreja “destaca o lugar que a liturgia, celebrada na comunidade dos fiéis, ocupa na ação missionária da Igreja e no seguimento de Jesus Cristo. Sendo intimamente unida ao conteúdo do anúncio (lex orandi, lex credendi), ela ‘é o ápice para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte de onde emana toda a sua força’ (SC, n. 10). Por isso, ‘nenhuma atividade pastoral pode se realizar sem referência à liturgia’ (DP, n. 927). Enfim, ela, fonte de verdadeira alegria (At 2,46), tem um papel fundamental na missão evangelizadora da Igreja, na consolidação da comunidade cristã, e na formação dos discípulos missionários” (DGAE, n.46).

Por isso, a Comissão Episcopal Pastoral para a liturgia (CEPL) pretende promover, fortalecer e acompanhar a vida litúrgica da Igreja no Brasil e o seu processo de renovação e enculturação, pois a missão da Igreja nasce da “dimensão celebrativa” e festiva da fé cristã centrada no mistério pascal de Cristo Salvador, em particular na Eucaristia” (DAp 99p).

A CEPL compõe-se de três setores: Pastoral Litúrgica, Música Litúrgica e Espaço Litúrgico.

 

7. Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso

A Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB tem por missão promover a unidade dos cristãos e o diálogo inter-religioso no âmbito da Igreja Católica no Brasil, conforme as orientações do Magistério e em atenção ao cenário religioso do país. Cabe à Comissão apoiar os Regionais da CNBB na criação, na organização e no acompanhamento de Comissões em âmbito regional e local a fim de que esta mesma dimensão seja vivida a partir da base, favorecendo reflexões e encontros entre igrejas e lideranças de outras tradições religiosas.

 

8. Ação Social Transformadora

Em comunhão com a missão da Igreja, as Pastorais Sociais têm como seu propósito cuidar da vida e defendê-la, com fidelidade ao Evangelho. É justamente neste processo que se vivencia a espiritualidade de uma Igreja samaritana e profética. Samaritana pela exigência do cuidado com a vida ameaçada; profética pelo desafio de denunciar as estruturas negadoras da dignidade da vida humana.

Objetivo Geral da Comissão: Contribuir, à luz da Palavra de Deus e das DGAE, na promoção da pessoa e da comunidade, para que se tornem protagonistas, promotoras e defensoras da vida, transformando a sociedade em vista do Reino.

 

9. Cultura e a Educação

A Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação tem a missão de tornar Jesus Cristo contemporâneo ao mundo da cultura e da educação no país. Esta missão é cumprida a partir de duas linhas de atuação, quais sejam, formação de agentes pastorais e articulação da presença de comissões nos regionais da CNBB. A Comissão possui quatro setores: Educação, Cultura, Universidades e Ensino Religioso.

Constituem público-alvo da Comissão: educadores, comunidade universitária, professores, estudantes, agentes de pastoral e atores no mundo da cultura e educação, e dirigentes cristãos de empresas.

 

10. Vida e Família

A Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família (CEPVF) que está a serviço da missão da Igreja no Brasil, na perspectiva das DGAE, deixando-se de forma especial interpelar pela 5ª urgência – Igreja a serviço da vida plena – , buscou desenvolver durante o ano de 2018 diversos projetos e atividades na busca de promover a cultura de valorização da vida desde a fecundação até o término natural; bem como promover a família, como dom precioso e recurso indispensável para a pessoa e a sociedade.

Com uma metodologia firmada na busca da comunhão e da participação dos diversos agentes da pastoral familiar do Brasil, bem como dos demais cristãos presentes nos movimentos, serviços, institutos e novas comunidades voltados para a evangelização das famílias, desenvolveu diversas atividades que conduziram um crescimento na consciência de valorização, promoção e defesa da família e da vida.

Através da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), organismo vinculado à CNBB, a Comissão realiza suas atividades permanentes, tais como o serviço de assessoria aos Regionais, Dioceses e Paróquias da Igreja no Brasil; a condução da Secretaria Executiva Nacional da Pastoral Familiar (SECREN), a coordenação das atividades da Assessoria Pedagógica e do Instituto Nacional da Família e da Pastoral Familiar (INAPAF); a elaboração de subsídios de formação de evangelização das famílias e de formação de agentes de pastoral; a manutenção do seu portal na internet (www.cnpf.org.br) e da página de Facebook (www.facebook.com/PastoralFamiliarCNBB).

 

11. Comunicação Social

A Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação possui caráter de serviço, apoio e comunhão no planejamento, na organização e articulação de programas e projetos de comunicação da Igreja no Brasil. Anima o agir comunicativo da Igreja em suas várias dimensões fortalecendo o sinergismo entre as diversas iniciativas na área da comunicação. Estimula a presença da Igreja nas mídias por meio de encontros e subsídios formativos para agentes da Pastoral da Comunicação.

 

12. Juventude

A Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude (CEPJ), criada na 49ª Assembleia Geral da CNBB, se empenha na organização e animação da ação evangelizadora da Igreja junto aos jovens, favorecendo projetos e mecanismos para o amadurecimento integral do jovem na sua vocação de discípulo missionário de Jesus Cristo. Ela é a primeira responsável pela Pastoral Juvenil no país e acompanha mais sistematicamente os seguintes grupos organizados: a Coordenação Nacional da Pastoral Juvenil (Movimentos, novas Comunidades, Pastorais da Juventude, Congregações e Grupos Jovens Paroquiais), a Equipe Jovem de Comunicação e os Bispos referenciais da juventude dos18 Regionais da CNBB.

A Equipe de Subsídios é formada por adultos. Em vista da valorização e formação de todas as expressões juvenis, a CEPJ também promove encontros envolvendo jovens e adultos das Congregações Religiosas, Pastorais da Juventude, dos Movimentos Eclesiais, das Novas Comunidades, além de trabalhos conjuntos com outros serviços eclesiais: catequese, pastoral da educação, pastoral vocacional, pastoral missionária etc.

CNBB