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Nos idos anos de 1996 e 1997, como estudante em Roma, tive a oportunidade, por várias vezes, de visitar e de atender as confissões dos peregrinos do Santuário de Santa Rita de Cássia, na Itália. Era muito comum o Reitor do Colégio Pio Brasileiro receber solicitações de apoio e ajuda nas confissões aos milhares de peregrinos àquele Santuário. Este é um santuário no sentido mais original da palavra. Um santuário (do Latim sanctuarium, de sanctus), no conceito religioso, é um local sagrado, para onde, por devoção, acorrem peregrinos de diversas regiões. É ainda um local onde se preservam fontes originais de alguma coisa, realidade ou pessoa. Pois é, provavelmente, este conceito que melhor se aplica ao Santuário de Santa Rita de Cássia, tamanha a originalidade de tudo o que se vê por ali.

 

Santa Rita de Cássia, nascida Margherita Lotti, foi uma freira agostiniana da Diocese de Espoleto, Itália.  Nasceu em Roccaporena em 1381. Filha de Antonio Lotti e Amata Ferri. Casou-se com Paolo Ferdinando, que rapidamente se entregou à violência familiar, ao vício da bebida e à infidelidade matrimonial. Assim mesmo deu à luz dois filhos: Giangiacomo Antonio ManciniPaulo Maria Mancini

 

Conta-se que, pela força da oração, Margherita conseguiu a graça da conversão do marido Paolo Ferdinando. Mas, os muitos resquícios da sua vida pregressa de violência e desonestidade, fez com que fosse assassinado por antigos inimigos. 

 

Certamente a dor da jovem esposa e mãe pressentia muitas dificuldades. Na cultura desta época era muito comum os filhos vingarem a morte do pai, especialmente se assassinado. Rezava, então, pela salvação dos seus dois filhos e pedia a Deus que, se eles ao crescerem iriam manchar a sua vida com o sangue dos inimigos do pai, que os levasse antes para a eternidade. É o que aconteceu. Ainda meninos, os filhos adoeceram e morreram antes de crescerem o suficiente para vingar a morte do pai.

 

Outro passo que marca a vida de Santa Rita foi a sua dedicação à vida religiosa. Viúva e sem os filhos, quis entrar para o convento das Irmãs Agostinianas, no anseio de responder ao chamado de Deus que ela sentia desde menina no seu coração generoso aos apelos divinos. Viveu no convento por mais de 40 anos dedicando-se à oração e à vida de contemplação. Com 76 anos faleceu no dia 22 de maio de 1457 com fama de santidade. Santa Rita foi beatificada em 1627, pelo Papa Urbano VIII e sua canonização aconteceu em 1900, pelo Papa Leão XIII.

 

Conta-se que, pela força da oração, Margherita conseguiu a graça da conversão do marido Paolo Ferdinando

 

Acima chamei atenção para o conceito de Santuário. Pois bem, na cidade de Cássia consegue-se fazer memória de muitos elementos da vida desta grande santa: a casa onde nasceu e viveu grande parte da sua vida com a família, inclusive o marido e os filhos; as ruas por onde andava e brincava; as montanhas de onde contemplava o mundo ao seu redor; a igreja onde participava da vida da sua comunidade de fé; o convento onde se dedicou à vida religiosa, o jardim onde cultivava flores; o lugar onde se pode ver o seu corpo incorrupto até hoje; e, principalmente o seu Santuário, frequentado por milhares de pessoas todos os dias para o Sacramento da Reconciliação e da Eucaristia, para um encontro pessoal com Jesus Cristo e a contemplação da vida de Santa Rita de Cássia, sua discípula e seguidora.

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo de Londrina

 

Artigo publicado na Revista Comunidade edição maio 2021
Foto destaque: Cathopic

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