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Mais operários para a messe

Em fase final de preparação para o sacerdócio, dois seminaristas da Arquidiocese de Londrina serão ordenados diáconos transitórios neste agosto

“Hoje, meu olhar é naquilo que Jesus me pede e é isso que eu vou colocar em prática: viver o sacerdócio na alegria de servir à Igreja Universal na Igreja particular de Londrina.” A frase do seminarista Humberto Lisboa Nonato Gema, 49 anos, resume sua expectativa para a sua ordenação diaconal, juntamente com o seminarista Rodolfo Gabriel Trisltz, 28 anos. A celebração ocorre no dia 4 de agosto, às 19 horas, na Catedral Metropolitana de Londrina, com Santa Missa presidida pelo arcebispo dom Geremias Steinmetz.

Os dois seminaristas recebem o Diaconato Transitório, que é o primeiro grau do Sacramento da Ordem, e que faz parte da preparação para o sacerdócio (o presbiterado). A Ordem, assim como o Sacramento do Matrimônio, é chamado de sacramento de serviço: como batizado e crismado, a pessoa assume um papel especial, pondo-se a serviço de Deus, com uma graça especial para uma missão particular na Igreja em ordem à edificação do povo de Deus, contribuindo em especial para a comunhão eclesial e para a salvação dos outros.

Rodolfo conta que desde pequeno teve a inclinação para a vida presbiteral. “Quando criança fui coroinha, na adolescência fui catequista, trabalhei como sacristão, fui organista da paróquia, cantei por anos no Coral Palestrina de Cambé, que em várias ocasiões também fui regente, entre outras atividades que envolvia a participação na comunidade.” Durante o período de estudos desenvolveu trabalhos pastorais em paróquias das dioceses de Cornélio Procópio, Curitiba e Presidente Prudente (SP). Como também leciona música nos seminários da Arquidiocese de Londrina até os dias de hoje.

Seminarista Humberto (Foto Tiago Queiroz)

Já Humberto revela que sua vocação “nasceu adulta”. “Minha família não era de ir à igreja, portanto não tive muito contato com ela quando criança. Tive uma vida normal de trabalho, estudo, vida com a família. Até que um dia Jesus manifestou Sua misericórdia em minha vida e nessa manifestação de Deus tive meu encontro pessoal com Ele. A partir daí minha vida mudou.” Nesse período, ele começou a participar da vida de sua comunidade e nessa caminhada sentiu “que Deus queria algo a mais de mim, então procurei um sacerdote para me acompanhar no meu discernimento vocacional”, conta. “O trabalho na comunidade foi de extrema importância para meu discernimento para uma vida de entrega total a Deus.”

Antes de vir para a Arquidiocese de Londrina, Humberto conta que teve uma longa experiência na vida consagrada. “Por dez anos fui membro da Toca de Assis, mas o desejo de ser padre estava no coração. Como na Toca não havia preparação para o sacerdócio tomei a decisão de pedir afastamento e fazer uma experiência no seminário.” E como já conhecia a Arquidiocese de Londrina, residindo em uma das casas da Toca, conversou com Dom Albano Cavalin, que prontamente o acolheu.

 

TRABALHO PASTORAL

Seminarista Rodolfo (Foto Tiago Queiroz)

Questionado sobre qual pastoral mais se identifica, Humberto diz não ser uma pergunta fácil de se responder. “A Igreja é um ‘poço’ de carismas e abre um leque enorme para aptidões. No entanto, penso que minha caminhada se fez presente muito com a Liturgia, que é algo fascinante e que na ação evangelizadora da Igreja é extremamente importante. Também o lado da espiritualidade da Igreja tem um chamado muito especial, no qual me identifico muito.” O trabalho com as vocações, segundo ele, “mexeu muito com meus ânimos vocacionais, e que agora não dá para fingir que ficou para trás, com o término da minha formação no seminário. Esse trabalho com as vocações é que, de certa forma, fomenta e dá continuidade ao pastoreio da Igreja em sua missão evangelizadora, através dos novos religiosos(as) e sacerdotes que são despertados para sua vocação.”

“A missão do consagrado, além de levar a boa nova de Jesus, é ser testemunha com a própria vida dessa boa nova.

Para Rodolfo, pela facilidade que sempre teve com a música, sempre foi provocado para se aperfeiçoar nela. As experiências desde então vêm crescendo, como as aulas de música que ministra no seminário, além de acompanhar a música em nível de arquidiocese, pelo Cemul (Curso de Extensão em Música Litúrgica). Assim, vê essa pastoral com muita responsabilidade no papel evangelizador. “O Papa Bento 16 dizia que ‘a liturgia e a música foram irmãs desde as suas origens. Desde o instante em que o homem quer louvar a Deus, a simples palavra não mais lhe basta’”.

Por isso, ele diz concordar plenamente com o dito popular “quem canta reza duas vezes”. “A música ocupa um lugar muito significativo na vida da liturgia, pois ela consegue chegar em lugares que muitas vezes as palavras não chegam. Por isso, a ação desta pastoral deve favorecer a assembleia a ir de encontro com o Sagrado”, opina.  Rodolfo admite que há gargalos que limitam esse trabalho, porém considera que “ao entendermos que a música na liturgia é para tornar mais poético o encontro com o Sagrado, e entenderemos que a voz ou os instrumentos são um veículo que levam as pessoas por meio da liturgia a encontrar-se com Deus, temos aí o meio de como melhorar”.

 

EXPECTATIVAS

Sobre as expectativas para a ordenação e para a vida sacerdotal, os dois seminaristas não escondem a alegria. “A missão do consagrado, além de levar a boa nova de Jesus, é ser testemunha com a própria vida dessa boa nova. E é isso que eu pretendo viver. Ser testemunho de vida doada por amor a Jesus e à igreja, de busca na vivência da santidade, da caridade para com o próximo, de amor pelo sacerdócio e, no dia a dia, alimentar minha vocação na oração, na adoração, na convivência com o presbitério, com o bispo e no estar junto à comunidade do povo de Deus”, resume Humberto.

“As expectativas são inúmeras, mas o que verdadeiramente espero é que um dia eu possa dizer como São Paulo: ‘Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a Fé. (2Tm, 7)’.

Rodolfo, por sua vez, admite que ainda é jovem e tem muito a aprender e a colaborar para com o povo de Deus. “As expectativas são inúmeras, mas o que verdadeiramente espero é que um dia eu possa dizer como São Paulo: ‘Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a Fé. (2Tm, 7)’. E pretendo também levar muito a sério as palavras do papa Francisco, quando diz que pastores têm de ter cheiro de ovelha.”

Ele finaliza a conversa com um pedido: “sei que ser cristão não é nem um pouco fácil, mas sim um caminho de Cruz. E por isso, peço que a comunidade sempre reze por mim, pelo Humberto que está sendo ordenado junto comigo, e todos os que escolheram seguir a Jesus Cristo sendo presbítero, pois o corpo pode ser de bronze, mas os nossos pés, estes são de barro”.

Célia Guerra 
JC – Pascom Arquidiocesana

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