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As raízes da devoção ao Sagrado Coração de Jesus fundam-se na mística medieval alemã e francesa. Merece destaque são Bernardo, com sua devoção à paixão de Jesus, concretizada nos diversos membros de seu corpo e no coração traspassado. Adquire grande vigor com o trabalho dos franciscanos, sobretudo são Boaventura (falecido em 1274), estendendo-se da França à Alemanha e Itália e reclamando o reconhecimento oficial da Igreja e na sua liturgia. João Eudes (1601-1680) obteve a faculdade de celebrar solenemente a festa do Sagrado Coração das mãos do Bispo de Rennes em 08 de março de 1670.

Que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus continue proporcionando a cada pessoa o alívio das dores, a certeza da paz, a alegria do amor, o incentivo para missão, a disposição para a caridade, o desejo de servir ao irmão

Santa Margarida Maria Alacoque foi uma das principais religiosas da Igreja a propagar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Ela nasceu na Aldeia de Lautecour, na Borgonha, em 1647. Nessa época apesar de já existir, a veneração não era muito conhecida. A sua missão foi dar-lhe impulso e difusão universal, adaptá-la às necessidades da Igreja Católica nos tempos modernos e fixar as práticas de piedade mais adequadas às novas circunstâncias. Ela teve uma revelação do Sagrado Coração de Jesus quando ouviu: “Meu coração Divino está inflamando de amor pelos homens e por ti. Preciso difundir as chamas do meu coração para enriquecer a todos com os preciosos tesouros do meu coração”. Assim nasceu a festa do Sagrado Coração de Jesus. A mais célebre das aparições foi em 1675, quando Jesus pediu a Santa Margarida Maria que fosse estabelecida uma festa para honrar seu Coração: “a sexta-feira depois da oitava da festa do Corpo de Deus, comungando-se nesse dia e buscando desagravá-lo com atos fervorosos”.

O Papa Pio IX, em 1856, concedeu a extensão da festa a toda a Igreja. O dia que se fixava era a sexta feira depois da oitava de “Corpus Christi”, coincidindo, a partir da reforma do Concílio Vaticano II, com a terceira sexta feira depois de Pentecostes.

O primeiro devoto do Coração de Jesus no Brasil nascente, São José de Anchieta, escreveu versos sobre o Coração de Jesus: “a lança que abriu-lhe o peito…”. Ele estava já se antecipando nessa devoção mas não publicava porque não estava ainda aprovada.

Na liturgia da Igreja, em 2018, estamos vivendo o Ciclo B. Os textos bíblicos para a celebração do Sagrado Coração de Jesus são o de Oséias (11,3-4.8-9), de Paulo aos Efésios (3,8.12.14-19) e de João (19,31-37). Com eles é proclamado o amor de Deus, cujo “coração salta no peito e suas entranhas se comovem dentro dele”. Importa dirigir o olhar para Cristo, traspassado na cruz. Verdadeiro cordeiro pascal, de cujo coração sai sangue e água, símbolos dos dons da salvação, para compreender com todos os santos, qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo que supera qualquer conhecimento”.

Os documentos registram a criação da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Londrina, em 1934. Significa que esta devoção está presente nesta cidade desde a construção das primeiras casas. Justifica-se assim que seja o Padroeiro de Londrina. A diocese de Londrina foi criada sob os auspícios do Sagrado Coração de Jesus e assim é também o seu padroeiro. A Catedral é chamada carinhosamente de “Catedral do Coração” numa clara referência ao seu padroeiro. Que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus continue proporcionando a cada pessoa o alívio das dores, a certeza da paz, a alegria do amor, o incentivo para missão, a disposição para a caridade, o desejo de servir ao irmão. Muitas pessoas que vivem nas “periferias existenciais” encontram no Sagrado Coração de Jesus conforto, esperança e consolo.

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo Metropolitano de Londrina

Foto destaque: Wellington Ferrugem

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