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Na celebração do Dia de Finados temos uma oportunidade de refletir sobre o viver, o
morrer e o sobreviver.

  1. A morte como experiência. Desde a fecundação já estamos caminhando para a
    morte. Cada minuto é um instante pleno de vida e também caminho para a morte.
    Morrer é uma dimensão natural da vida, é um fenômeno universal. Só não morrem
    as flores de plástico. Viver fazendo o bem é o caminho certo para se morrer bem.
    Portanto, a morte é uma experiência inevitável. Só temos uma saída: reconciliarmos
    com nossa natureza mortal e viver com alegria, com menos medo e mais realismo.
  2. A morte como páscoa. Sabemos que páscoa quer dizer passagem. Assim, a irmã
    morte é uma passagem, uma condição, uma porta, um parto para a vida plena, feliz,
    gloriosa. Então, o fim é também um início. A vida não é tirada, é transformada. Isto
    significa que a vida não é só biologia, não é só corporeidade.
  3. A morte como epifania. A palavra epifania significa manifestação, aparição,
    presença. A hora da morte é luminosa, porque é um encontro face a face com Aquele
    que nos ama e nos espera de braços abertos. É a epifania de Deus. É também
    manifestação da felicidade, da luz, da paz e encontro com todos os redimidos.
    Portanto, é epifania da vida divina, da compreensão dos mistérios da fé, de toda a
    nossa existência, nossas obras, nossas histórias, nossa missão.
  4. A morte como purificação. Por ser uma experiência de plenitude e liberdade, na
    morte temos oportunidade para a opção final, a conversão, o arrependimento, o
    perdão. Deus quer que o pecador se converta e viva. Em cada Ave Maria pedimos a
    intercessão da mãe de Deus na hora da morte. O último momento pode mudar tudo.
    Morrer é a última esperança e hora de nossa glorificação. A possibilidade de
    salvação é infinita.
  5. A morte como momento totalizador. Nosso corpo mortal, ressuscita incorruptível,
    glorioso, espiritualizado. Livres do corpo, do espaço e do tempo, temos plena posse
    do passado, do presente e do futuro. Tudo é claridade, síntese, posse da vida. É uma
    ato supremo, com plena consciência de nós mesmos diante da luz do amor
    misericordioso do Pai. Chegamos na pátria definitiva, estamos em casa, na
    claridade, na plenitude, na visão, é hora de decisão definitiva, hora da graça final.
  6. A morte como encontro. Sim, encontro com a Santíssima Trindade, com Maria, com
    os anjos, com os santos, com os redimidos, conosco mesmos. Encontro com todas
    as criaturas redimidas. É a festa do céu que nunca se acaba. São as núpcias do
    Cordeiro. É a posse do reino, onde os justos brilharão como estrelas.
  7. A morte como escola. A certeza da norte é uma escola que nos ensina a estarmos
    sempre preparados, sóbrios, vigilantes. Aprendemos a livrar-nos das ilusões,
    enganos, pecados e a sermos alegres na esperança, perseverantes na oração, fortes
    nas provações, pacientes na tribulação. Aprendendo a viver bem, aprendemos a
    morrer bem.

Nascemos para ressuscitar. Fomos criados para participar da vida plena, feliz, luminosa de
Deus. Construímos nosso céu com as boas obras que fazemos com amor. Por isso seremos
coroados na eternidade como atesta o Apóstolo Paulo. Reinaremos com Jesus, Eis a
esperança da glória. Corações ao alto.

Vinde benditos, diz Jesus, tomai posse do reino, da festa do Cordeiro, entrai na mansão,
na casa do Pai, participai da comunhão dos santos. A morte já foi vencida. Nosso corpo
será glorioso, incorruptível, espiritual, iluminado.

Reafirmemos nossa fé rezando: “Creio na ressurreição da carne, creio na vida eterna”.
Deus nos espera de braços abertos. Seremos envolvidos na sua luz beatífica. Olho algum
viu, ouvido algum ouviu, coração algum sentiu o que Deus preparou para os que o amam.
Viveremos na felicidade, na luz e na paz e veremos Jesus, tal qual Ele é. Eis nossa súplica:
transformai Senhor nosso pranto em festa, nossa saudade em esperança, nossa solidão
em comunhão, nossas perguntas em certezas. Ao Senhor seja dada toda a glória, louvor,
honra, sabedoria, ação de graças, para sempre. Amém.

 

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Orlando Brandes

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